PAULO SÁ
O ministro de Estado e da Defesa Nacional autorizou a investigação do Fundo de Defesa Do Ultramar, no âmbito do processo de averiguações à tragédia de Camarate. Paulo Portas abre assim, e a pedido da VIII Comissão de Inquérito àquele caso, o acesso a documentos classificados a um grupo de auditores designados pelo Ministério das Finanças.
Segundo o DN apurou junto de fonte do Ministério da Defesa, Portas deu a '' luz verde '' à investigação a 12 de Dezembro e ordenou que fossem dadas todas as facilidades à equipa de auditores que irá investigar os arquivos do dito fundo.
A equipa de auditores é composta por três peritos das Finanças, solicitados à ministra Ferreira Leite pela comissão eventual presidida pelo centrista Nuno Melo.
Nuno Melo congratulou-se pela decisão do ministro e exaltou a importância do acesso aos documentos classificados, que durante 23 anos se mantiveram encerrados no Ministério da defesa. Isto porque o Fundo de Defesa do Ultramar - criado antes do 25 de Abril para financiar a guerra nas ex-colónias portuguesas - foi apontado por vários inquiridos nas diferentes comissões de inquérito como o possível móbil para o ''atentado'' a Adelino Amaro da Costa, então ministro da Defesa, e que também vitimou Sá Carneiro.
Segundo esse inquiridos, o ministro estaria a investigar o fundo na altura em que Cessna se despenhou em Camarate.
Criado antes do 25 de Abril, o fundo servia para financiar a guerra do Ultramar. Tratava-se de milhões de contos canalizados para várias despesas ligadas ao conflito nas ex-colónias. Fundo que deveria ter sido extinto com o 25 de Abril, mas que continuou a ser utilizado. Quem o tutelava nessa altura era o extinto Conselho da Revolução, segundo Nuno Melo.
Os auditores das Finanças foram chamados para determinar, desde 1974, quem geriu o fundo, como foi movi-mentado, para que fim serviu, quem tinha acesso ás contas que lhe estavam associadas e se comportava actos ilegais.