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Meu Deus! At� quando?
EUA d�o as costas � ordem jur�dica internacional e declaram guerra ao Iraque

O mundo ouviu, de respira��o suspensa, a senten�a final decretada n�o apenas sobre o povo iraquiano, mas sobre todo o Planeta pelo presidente americano George W. Bush. Como um Zeus Olympicus, ele desferiu seu raio de fogo selando o destino de milhares de vidas, no Iraque, e de incont�veis outras que ser�o atingidas indiretamente pelo seu furor em toda a extens�o planet�ria.

O ultimato a Saddam Hussein para que abandonasse o pa�s em 48 horas, como um c�o escorra�ado, trouxe a marca inconfund�vel do esc�rnio, expresso tantas vezes ao longo da Hist�ria pelos que se julgavam indestrut�veis, como senhores da vida e da morte, pelo fato de monopolizarem a for�a.

Apesar de n�o merecer a solidariedade do mundo, enquanto d�spota truculento, o dirigente iraquiano - ao passar a representar a parte agredida e a assumir a condi��o de l�der que arca com as conseq��ncias de seus atos e n�o foge � luta (mesmo ao custo da pr�pria vida) passa a merecer o respeito que se deve aos que n�o se acovardam. Simultaneamente, incorpora um valor simb�lico e pol�tico extremamente poderoso para uma cultura que tem no mart�rio guerreiro um de seus pin�culos morais. Por isso, se chegarem a matar Saddam Hussein, os EUA provavelmente ter�o cometido um erro terr�vel: o de torn�-lo her�i e exemplo a ser imitado por milhares de jovens humilhados e sedentos de vingan�a em todo mundo �rabe.

O mesmo provavelmente acontecer� se o expuserem, humilhado, a um tribunal de exce��o. Pois, a corte leg�tima (Tribunal Penal Internacional), do ponto de vista moral e pol�tico, que poderia julg�-lo por crime contra a humanidade (uso de g�s venenoso contra curdos e iranianos e atrocidades contra kwaitianos) n�o � reconhecida pelos EUA, por ser fruto do multilateralismo, abominado visceralmente por Bush. N�o importa a este que a institui��o tenha sido erigida por mais de uma centena de pa�ses em todo mundo, e saudada como uma conquista da humanidade. George W. Bush apresenta a si mesmo como o juiz do destino da humanidade. Quem o elegeu para essa fun��o, n�o se sabe. Sua justificativa � a de que � preciso livrar o Iraque de um ditador que n�o respeita seu povo e constitui-se uma amea�a para o mundo. A tarefa que se prop�e � a de levar a democracia ao Iraque. Ora, pelo que se sabe a democracia exige a legitimidade dos dirigentes. Esta � dada pela delega��o recebida do povo e pela conforma��o �s inst�ncias institucionais viabilizadoras dessa legitimidade. Se for assim, o exemplo que Bush d� ao Iraque � p�ssimo, pois ele pr�prio superp�e-se �s inst�ncias leg�timas de representa��o da comunidade internacional, encarnadas pelas Na��es Unidas. Saddam Hussein n�o escuta seu povo, � certo. E Bush, ele escuta a comunidade internacional em nome da qual pretende agir? Essa � uma contradi��o insofism�vel. Outra � a evoca��o do fato de que os EUA n�o se incomodaram em apoiar Saddam e fortalec�-lo militarmente quando isso lhes era conveniente. Nessa ocasi�o, Saddam era t�o ditador como hoje. Ali�s, n�s da Am�rica Latina temos uma longa hist�ria de ditaduras fomentadas ou sustentadas por Washington, no Continente.

Ao violar a ordem jur�dica internacional e inaugurar a pr�tica do ataque preventivo, sob a presun��o de um suposto perigo, os EUA trazem o caos para as rela��es internacionais, criando um clima de desconfian�a que envenenar� daqui por diante a arena internacional. Basta ver a ciz�nia que j� provocaram na Europa. De agora em diante a quest�o da defesa nacional assume um car�ter totalmente diferente da que existiu at� aqui, pois n�o � mais poss�vel pensar em nenhum anteparo internacional. � o salve-se quem puder. Desde esse ponto de vista, os EUA tornaram-se a maior amea�a � paz mundial no s�culo que se inicia. Resta torcer para que o povo americano num futuro pr�ximo se aperceba do abismo de �dio que seus dirigentes est�o cavando em torno de sua na��o.

* Paulo J. Rafael � jornalista, professor universit�rio e doutorando em Ci�ncias Pol�ticas e Administra��o P�blica pela AWU- American World University of Iow



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Toronto,
24/Mar�o/2003
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