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ELEITO O NOVO CONSELHO
DAS COMUNIDADES
 
Est�o conclu�das as elei��es para o Conselho das comunidades. Votaram 2.242 portugueses, 1.129 pela lista A, 826 pela lista B e 252 pela lista C. Votos nulos 29 e 6 em branco. � altura de iniciar um debate construtivo sobre este assunto. Algumas ideias cr�ticas e sugest�es.

Realizaram,-se no domingo passado, dia 30 de Mar�o as elei��es para o Conselho das Comunidades, um �rg�o consultivo do governo portugu�s para as politicas relativas � emigra��o e �s comunidades portu-guesas, criado pela Lei n�. 48/96 4 de Setembro de 1996.

Mais uma vez, como o tenho feito ao longo dos anos, estou a manifestar a minha opini�o com a inten��o de estabelecer um debate construtivo sobre o assunto. � semelhan�a dos artigos publicados anteriormente sobre o assunto -assim como todas as minhas colunas neste jornal- n�o � minha inten��o, fazer cr�ticas destrutivas ou acirrar as inimizades e quez�lias que existem dentro da nossa comunidade.

Infelizmente, a cria��o do Conselho das Comunidades, tem em certas comunidades portuguesas, por esse mundo fora sido um pretexto para lutas partid�rias que n�o est�o no �mbito das fun��es do Conselho, , ou o que � ainda pior quez�lias pessoais, mesquinhas, destrutivas e pouco pr�prias, dum �rg�o consultivo, que deve actuar junto das autoridades portuguesas,como uma voz dos emigrantes, coesa, l�gica e construtiva.

VALER� A PENA?

Infelizmente, desde o princ�pio, o Conselho foi bloqueado, pela introdu��o de lutas partid�rias no processo para a elei��o do organismo coordenador, da institui��o, o conselho permanente. Foi com desgosto e tristeza, que os conselheiros do Canad� que tinham previamente escolhido entre si de forma perfeitamente democr�tica os seus representantes ao conselho permanente, assistiram ao espect�culo degradante, de presenciarem os seus colegas oriundos de outras comunidades, recitarem no plen�rio a linha pol�tica de alguns partidos portugueses, em vez de estarem a apresentar uma solu��o construtiva. Com excep��o dum conselheiro, que mais tarde iria demonstrar que a sua personalidade o tornava incapaz de trabalhar em conjunto com os seus colegas, a representa��o do Canad�, manteve-se unida e solid�ria, mantendo os dois nomes que apresentava para o Conselho Permanente. Diga-se de passagem que os escolhidos Ant�nio Silva e M�rio Gomes viriam a desempenhar um bom trabalho nesse organismo. Infelizmente como � conhecido as guerras sobre a elei��o para o Conselho Permanente arrastaram-se pelos tribunais ao longo dos anos tendo custado ao contribuinte portugu�s alguns milhares de contos.

Tamb�m � do meu conhecimento que em v�rias partes do mundo o Conselho das Comunidades foi usado para lutas partid�rias e pessoais, tendo sido um factor de divis�o entre os portugueses.

Os factos mencionados e a atitude do governo, que manteve desde o princ�pio de "n�o pedir conselho aos conselheiros", de ignorar os pareceres deste �rg�o consultivo e nunca estabelecer um di�logo, levou muitos portugueses, por esse mundo fora, e diga-se de passagem com muita raz�o, a n�o acreditarem no Conselho das Comunidades, a ignor�-lo e claro com a chegada das elei��es, votarem com os p�s, isto � n�o comparecendo.

� �bvio que os nossos compatriotas que n�o acreditam no Conselho, t�m uma certa raz�o, por�m se nada fizermos apenas damos raz�o, �queles pol�ticos e muitos membros da popula��o em geral, que est�o em Portugal e que pensam que os portugueses no estrangeiro devem ser ignorados e que apenas, servem, para levar para l� d�lares, rands, libras ou euros.

Se n�o a aproveitarmos as possibilidades que nos s�o oferecidas, com o Conselho das Comunidades, e at� os tais conselhos consultivos anexos aos consulados que muitos rejeitam, perdemos a autoridade moral para apresentar as nossas reivindica��es. Rejeitar os �rg�os consultivos que o governo portugu�s nos oferece, ir� apenas aumentar a separa��o e falta de di�logo que existe entre as autoridades portuguesas e os portugueses da di�spora.

E OS CONSELHEIROS DO CANAD�?

� com certa satisfa��o que vejo que dos cinco conselheiros de Toronto, quatro s�o "repetentes". Isto demonstra em certa medida, que a pequena minoria de Portugueses que quiseram, e puderam, votar teve confian�a na equipa de conselheiros cujo mandato est� a acabar. Embora eu seja um pouco suspeito, , uma vez que fiz parte do grupo, poder� dizer-se que com excep��o dum membro que devido � sua personalidade n�o foi capaz dum trabalho de equipa do que resultou, ter-se afastado voluntariamente, o grupo dos onze conselheiros do Canad�, funcionou bem, tendo apresentado ao governo pareceres, sobre v�rios assuntos desde a juventude � terceira idade, incluindo a famigerada lei que fez tantos de n�s perdermos a nacionalidade portuguesa, e ter de ir suplicar �s autoridades para readquirirmos aquilo que era um direito, recebido � nascen�a.

POUCOS VOTANTES

No Canad�, h� um ditado que diz todos dizem mal do clima, mas ningu�m faz nada para o mudar. O mesmo se pode dizer da baixa atend�ncia �s urnas, pelos portugueses do estrangeiro, seja para as elei��es do Conselho das Comunidades, seja para a Assembleia da Rep�blica ou � Presid�ncia da Rep�blica.

Deixando para outra altura, o caso da elei��o dos �rg�os de soberania, parece-me que a absten��o dos portugueses, � como outros fen�menos sociais, muito com-plexo e n�o tem apenas uma causa e uma explica��o simples.

Em primeiro lugar temos de reconhecer, que muitos luso-canadianos, por raz�es que n�o est�o no �mbito deste artigo discutir, est�o afastados da comunidade, e alienados de muito do que � portugu�s. Continuam a vir a Toronto uma vez por semana, comprar produtos alimentares -o est�mago parece ser a �ltima parte a rejeitar a nossa cultura- v�o de vez em quando a Portugal em f�rias, mas n�o falam portugu�s com os filhos, n�o se consideram portugueses e at� algumas vezes mudaram o seu apelido de Martins para "Martin", Vicente para "Vincent" e alguns at� fizeram como aquele luso-americano, que passou de Coelho para "Rabbit".

Uma outra raz�o para a n�o compar�ncia �s elei��es para o Conselho da Comunidade, � a falta de confian�a neste�rg�oo consultivo. Os nossos compatriotas que est�o informados da atitude que o governo tem tomado at� agora, -n�o pedir conselhos aos conselheiros- pensam que n�o merece a pena perderam o seu tempo ao domingo para irem votar por um�rg�oo que na sua opini�o �in�til.

Ficar na cama at� mais tarde,, ir � missa,visitar a fam�lia, assistir ao jogo de futebol, ir ao caf� ou pura e simplesmente, n�o fazer nada, depois duma semana de trabalho, tomam prioridade a ir � procura por essa cidade fora, dum s�tio para votar e muitas vezes n�o encontrarem l� o seu nome.

Se o Governo Portugu�s anunciasse que oferecia viagens � borla para Portugal, mesmo que o fizesse �s cinco da manh�, num escrit�rio, numa rua min�scula, algures em Scarborough, milhares de pessoas, estariam l�. Por�m, tratando-se de votar, � obvio que dada a natureza humana, para vencer a in�rcia de ir fazer uma coisa nova e em que muita gente n�o credita, s�o necess�rias duas coisas fundamentais -promo��o e acessibilidade-.

Cabe ao Governo Portugu�s, fazer toda a promo��o poss�vel pelo voto e ser o catalizador duma campanha de consciencializa��o da comunidade, em rela��o ao assunto.

Artigos, como o que publiquei a 10 de Mar�o neste jornal s�o um exemplo do que se pode fazer para estabelecer um di�logo sobre o assunto.

Seria importante, que com anteced�ncia, as autoridades portuguesas, convocassem uma confer�ncia de imprensa e apresentassem um plano l�gico e coerente sobre a promo��o do processo eleitoral. Como seria de esperar, esta confer�ncia de imprensa, iria s� por si gerar uma s�rie de not�cias na media luso-canadiana. Por outro lado a exist�ncia dum plano defenido e atempado, em vez de aparecer � �ltima da hora, iria originar na comunidade o debate e interesse necess�rios para a elei��o. Tamb�m o curto prazo da campanha eleitoral, deveria ser aumentado afim de se suscitar mais interesse na comunidade.

No dia seguinte � elei��o, recebi tr�s telefonemas de doentes meus, a protestar que tinham querido ir votar, mas ou que tiveram dificuldade de saber aonde era a mesa de voto ou o que era pior, terem verificado que n�o estavam inscritos.

Ainda a semana n�o acabou, estou como costumo a escrever � Sexta-feira, e os telefonemas sobre os problemas encontrados por alguns dos nossos compatriotas para votar, feitos para o meu consult�rio j� passaram � frente dos daqueles que estavam preocupados com o S.A.R.S.. O mais interessante foi o duma Senhora que reside mais o seu marido em Toronto h� mais de vinte anos. Ambos obtiveram o seu passaporte portugu�s em Toronto e ao longo dos anos t�m requerido v�rios documentos no Consulado. A Senhora conseguiu votar, mas o nome do seu marido n�o estava na lista. prop�sitoto ela disse-me, talvezseriamentete, que n�o tinha votado na minha lista porque gostava de mim e achava que eu j� dava trabalho de mais � comunidade e tamb�m precisava de descansar.

SOLU��ES

Conforme sugeri, seria importante que as autoridades portuguesas, nas pr�ximas elei��es come�assem uma campanha de conscientiza��o e promo��o com anteced�ncia e que coisas como a localiza��o dos locais para votar, n�o fossem deixados para a �ltima hora. Quanto ao m�todo de vota��o, deveria ser modificado. Sugeri, num dos muitos pareceres ignorados pelas autoridades portuguesas, um sistema muito simples.
Qualquer pessoa que tivesse o passaporte portugu�s, poderia apresentar-se a uma mesa de voto. Para evitar que por exemplo, um morador de Montreal viesse votar em Toronto, qualquer documento como a carta de condu��o, a conta do telefone ou a conta banc�ria seria apresentada para provar a morada. De notar que se o n�mero de votantes pelo c�rculo de Toronto, 2,242 foi baixo, o n�mero de eleitores inscritos, publicado pela embaixada portuguesa, apenas 24.219, tamb�m � muito inferior � popula��o luso-canadiana desta �rea. Se todos quizessem votar, a esmagadora maioria, n�o poderia fazer. Voltando � minha sugest�o para evitar que algum votante mais entusi�stico ou desonesto, seguisse o conselho dum pol�tico do Quebeque que nos anos vinte do s�culo passado aconselhava os seus partid�rios a "votar bem e muitas vezes, poder-se-ia colocar um carimbo no passaporte depois de votar. Outro m�todo, seria registrar o n�mero do passaporte num computador, que estaria ligado com todas as mesas de voto e que teria um programa para excluir a repeti��o do voto.

Tamb�m deveria haver mais mesas de votos e seguindo uma sugest�o duma tele-espectadora que participou num programa que fez na FPTV, seria uma boa ideia ter mesas de voto junto �s igrejas aonde ao Domingo muitos portugueses se juntam para ir � missa.

Outro aspecto do processo eleitoral, que na minha opi-ni�o est� errado, o sistema de listas, com representa��o proporcional. Como expliquei em artigos anteriores, e em v�rios pareceres oara a Secretaria de Estado, este � um processo que estimula divis�es nas comunidades e d� oportunidades aos partidos politicos para se imiscuirem num processo eleitoral, que na minha opini�o deveria ser apartid�rio.

Concluindo, para haver um n�mero maior de votantes � preciso trabalhar nesse sentido.

O PR�XIMO CONSELHO

Infelizmente, por raz�es �s quais estou absolutamente alheio, criou-se na comunidade a percep��o que as duas listas apuradas, representavam em certo modo, os partid�rios de dois grupos antagonistas, que apareceram entre n�s, cada uma encabe�ada por uma pessoa bastante conhecida. J� critiquei, essa luta entre dois grupos antag�nicos comparando-a �s zaragatas que quando era mi�do existiam entre "benficas " e "sportings", ou � guerra no pa�s imagin�rio criado pelo escritor ingl�s Jonathan Swift , na s�tira Viagens de Gulliver, para ridicularizar as lutas religiosas da sua �poca, com o conflito entre os que partiam o ovo pelo lado redondo e os que partiam pelo lado bicudo.

Pessoalmente, parto os ovos pelo meio, e n�o estou interessado em juntar-me aos que o fazem pelo lado bicudo ou redondo. � minha opini�o que o Conselho das Comunidades, � mais importante que as quez�lias que existem entre n�s. Acredito, que aqueles poucos portugueses, que tiveram a pachorra de ao Domingo sa�rem de casa e andarem por essa cidade fora, � procura dum sitio para votar, para muitas vezes descobrirem que o seu nome n�o estava na lista, o fizeram porque estavam convencidos que as pessoas que escolheram lhes mereciam a sua confian�a e n�o para suportar os "benficas" ou os "sportings".

Felizmente a maioria dos membros eleitos por Toronto j� trabalharam juntos, conhecem-se, respeitam-se e existe entre eles, na minha opini�o, um esp�rito de camaradagem e amizade forjada ao longo de cinco anos no Conselho das Comunidades. Espero que os outros elementos que se lhes v�o juntar, se integrem no mesmo esp�rito de camaradagem e coopera��o, que na minha opini�o j� existe entre os "repetentes".

Nesta medida, apelo a todos os conselheiros e �queles que com eles est�o associados, que tomem consci�ncia que as campanhas eleitorais est�o terminadas, e que como sucede em democracia, uns ganham outros perdem, (sinceramente lamento que o conselheiro Ant�nio do Forno n�o tenha sido reeleito embora muitas vezes estiv�ssemos me desacordo) e que a partir de agora � preciso trabalhar para que se crie um Conselho, activo e eficiente que possa ser uma voz dos portugueses do Canad�, junto ao Governo Portugu�s.

Aquilo que nos une, � mais forte do que aquilo que nos separa. Trabalhemos pois para uma unidade mais unida e mais forte.



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Toronto,
7/Abril/2003
Edi��o 775

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira


 

 

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