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UMA ENTREVISTA SENSACIONAL
 

Usando m�todos, que n�o irei revelar, por raz�es �bvias, consegui esta semana, nem mais nem menos que uma entrevista telef�nica com o Sr. Bush, presidente dos Estados Unidos, que com certeza ir� ajudar os leitores a perceber as raz�es, para a invas�o do Iraque, do que resultou a morte de milhares de cidad�os daquele pa�s, e de cerca de uma centena de americanos, alguns deles mortos, por engano, pelas suas pr�prias tropas.

Tom�s Ferreira (T.F.) - Obrigado Sr. Presidente, por ter acedido ao nosso pedido, para uma entrevista com um �rg�o de comunica��o social luso-canadiano.

George W. Bush (G.W.B.) - Bem eu vou dar a entrevista, porque os meus acessores Paul Wolfowitz, o tal que criou a teoria que a Am�rica deve dominar o mundo e o Colin Powell que foi general e agora faz o papel de boa pessoa na minha administra��o, me disseram que o fizesse, porque voc�s eram al�m de canadianos, portugueses. Como sabem estou zangado com o Presidente da Rep�blica do Canad�, e muito satisfeito com o rei de Portugal, que al�m do meu s�cio de Inglaterra, foi um dos poucos governantes que me apoiaram e at� me recebeu nos A�ores, numa altura em que ningu�m me quer.

T.F. - Obrigado Sr. Presidente, mas nem o Canad� tem um Presidente da Rep�blica, nem Portugal um rei.

G.W.B. - Isso s�o coisas muito complicadas, o melhor � falar aqui com um dos meus acessores, como o Wolfowitz, que l� livros, muitos grossos, com letra miudinha e sem bonecos e que at� j� me disse que iria sugerir que eu mudasse o meu t�tulo de presidente para um outro, que j� me esqueci

T.F. - Em primeiro lugar gostava de saber porque invadiu o Iraque.

G.W.B. - L� est� voc�, com essas palavras erradas. N�s n�o invadimos, libertamos o Iraque. Isso de invas�o, s�o ideias dos amigos dos terroristas, comunistas e outros inimigos dos Estados Unidos.

T.F. - N�o me diga Sr. Presidente, que o seu antecessor Jimmy Carter, alguns dos cientistas, artistas e pensadores mais ilustres da Am�rica e at� o Papa, s�o comunistas ou terroristas.

G.W.B. - O que eles s�, n�o me interessa. Voc� n�o ouviu, o que eu disse, quem n�o � por mim � contra mim, e j� agora acrescentarei, se n�o tomam cuidado, deito-lhes uma bomba em cima. A prop�sito voc�s, a� no Canad�, portem-se bem porque qualquer dia nomeio o embaixador dos Estados Unidos, vice-rei e mando-o tomar conta dessa terra que est� coberta de neve o ano todo, mas que a minha acessora Condoleza Rice, que como eu e muitos da minha administra��o esteve ligada � industria do petr�leo, a ponto de ter um petroleiro com o nome dela, me disse que voc�s por a� est�o cheios de �leo e tamb�m �gua. Enfim com um presidente, franc�s tamb�m n�o era de admirar. A prop�sito de franceses s� tenho pena que eu tenha deixado de beber, e n�o possa boicotar o vinho dessa gente, como est�o a preconizar alguns elementos da nossa media, democr�tica e livre, em que todos t�m direito de dizerem o que quiserem desde que estejam de acordo comigo.

T.F. - Afinal, Sr. Presidente qual � a raz�o para a "liberta��o" do Iraque.

G.W.B. - Oi�a l�, voc� � palerma ou est� a gozar comigo. Por causa das armas de destrui��o em massa. O Iraque tem bombas at�micas, gazes venenosos, micr�bios perigosos que o Saddam vai usar para destruir a Am�rica e o mundo inteiro. Milh�es de pessoas v�o morrer, se eu n�o as salvar. J� que estamos na P�scoa, � caso para dizer que eu vou ser o segundo salvador do mundo. E n�o me diga, que n�o sei do que estou a falar, o meu secret�rio da guerra o Donald Rumsfeld, sabe bem do assunto, uma vez que no tempo que n�s �ramos amigos de Saddam, foi um dos que lhe deu os qu�micos para fazer gazes com que mataram milhares de kurdos.

T.F. - Mas se voc�s � que deram os gases venenosos ao Saddam, porque � que est�o agora a protestar que ele as tenha.

G.W.B. - Voc� n�o percebe nada de pol�tica americana. O Saddam nessa altura era bom, agora passou a ser mau. Foi o mesmo que aconteceu com o Noriega, o Bin Laden e tantos outros, quando nos interessavam eram amigos, depois passaram a ser inimigos.

T.F. - Explique-me l� melhor, essa coisa de armas de destrui��o em massa. Ao que eu saiba, elas foram todas destru�das por ordem das Na��es Unidas h� mais de dez anos, depois da guerra do Kuwait Al�m disso, equipas de inspectores passaram os �ltimos anos � procura das tais armas e nada encontraram. Mesmo depois de invadirem o pa�s, nada conseguiram encontrar.

G.W.B. - Quem procura, sempre encontra, n�o se admire que a rapaziada da C.I.A. n�o venha encontrar alguma coisa, que ser� enviada para os seus laborat�rios nos Estados Unidos e venha a provar que eu estava certo.
Bem, a verdadeira raz�o foi a falta de respeito pelas Na��es Unidas!

T.F. - Respeito pelas Na��es Unidas?

G.W.B. - Pois claro, n�s vivemos num mundo civilizado, em que se cumprem as leis internacionais. O Iraque n�o cumpriu as determina��es do Conselho de Seguran�a e foi invadido, isto � libertado. N�o podemos voltar aos tempos da antiguidade, em que os pa�ses fortes, invadiam os fracos e que n�o havia nem lei nem moralidade. Olhe que os nazis, depois da segunda guerra mundial, foram enforcados em Nuremberga, por terem invadido a Europa sem raz�o.

T.F. - Calculo que o Sr. Presidente esteja a referir-se � resolu��o n�. 1441, do Conselho de Seguran�a das Na��es Unidas, mas ele fala apenas de "s�rias consequ�ncias", se o Iraque n�o cumprisse com o desarmamento, no entanto segundo os inspectores da organiza��o, eles estavam a cumprir o que lhes tinha sido imposto.

G.W.B. - Quem sabe, se o Iraque est� a cumprir com as ordens da Na��es Unidas, n�o s�o as Na��es Unidas, mas n�s, os americanos que somos os mais fortes. As resolu��es das Na��es Unidas s�o para serem cumpridas!

T.F.- Mas, Sr. Presidente, os Estados Unidos e seus aliados como Israel, t�m ignorado dezenas de resolu��es das Na��es Unidas e n�o foram invadidos, bombardeados ou boicotados!.

G.W.B. - Isso n�o interessa, quem sabe quais s�o as leis para serem cumpridas sou eu, que tenho o ex�rcito mais poderoso do mundo, bombas at�micas, e mais coisas que n�o quero dizer.

T.F. - Mas o Sr. Presidente, a carta das Na��es Unidas diz que uma na��o s� pode lan�ar uma ac��o militar com autoriza��o do Conselho de Seguran�a. O seu secret�rio de Estado, Colin Powell foi �s Na��es Unidas e n�o conseguiu convencer quase ningu�m a apoiar os Estados Unidos. Nem pa�ses pobres a quem ele tenha prometido milh�es de d�lares, como os Camar�es, Guin� (Conakri) e M�xico o apoiaram. Afinal os Estados Unidos atacaram o Iraque sem autoriza��o das Na��es Unidas.

G.W.B. - As Na��es Unidas? N�s n�o nos interessa o que eles dizem, como diz o Woltowitz, a nova ordem no mundo � o dom�nio do Estados Unidos. Quanto aos meus amigos religiosos e fundamentalistas, pensam que � uma esp�cie de miss�o de salvar o mundo e cristianizar os infi�is �rabes e mussulmanos.
� por isso que a seguir �s bombas e aos militares, milhares de mission�rios de pertencentes de organiza��es protestantes conservadoras, como a Conven��o das Igrejas Batistas do Sul e a Bolsa dos Samaritanos, v�o invadir o Iraque e tentar converter os infi�is.
A prop�sito, um l�der deste movimento � o Sr. Franklin Graham, que � meu admirador e que presidiu � cerim�nia religiosa da minha tomada de posse.

T.F. - Se bem entendo, o Sr. Presidente, atacou o Iraque porque ele n�o cumpriu aquilo que o Sr. interpretou como uma decis�o das Na��es Unidas, mas como essa organiza��o n�o lhe deu autoriza��o para invadir o Iraque, o Sr. n�o seguiu as leis estabelecidas pelas pr�prias Na��es Unidas.

G.W.B. - Isso � muito complicado, realmente n�s fomos para o Iraque por outra raz�o, mudar o regime. Saddan Hussein era um ditador corrupto e cruel. A Am�rica sempre defendeu a liberdade, calcule que at� temos uma est�tua da dita senhora defronte de Nova York. N�s o que queremos � libertar o Iraque, levar-lhes a democracia.

T.F. - A prop�sito, a est�tua foi-lhes oferecida pelos franceses de que voc�s agora dizem o pior poss�vel. Quanto � democracia os habitantes do Iraque n�o parecem nada contentes. A C.N.N. a esta��o de televis�o que segue entusiasticamente a politica do seu governo, tem mostrado manifesta��es com milhares de pessoas a protestar contra a liberta��o.

G.W.B. - Eles coitados, n�o sabem o que querem. N�s os americanos, � que dizemos o que � que a democracia. Se fizerem muito barulho, deitam-se mais umas bombas e eles ficam a perceber, que nada h� melhor que a liberdade de de dizerem, o que n�s queremos.

T.F.- A prop�sito, de liberta��o, historiadores e pensadores em todo o mundo est�o preocupados com o saque do museu nacional do Iraque, ocorrido em frente das tropas americanas, que n�o fizeram nenhum esfor�o para proteger os objectos e arte que l� estavam.
Como sabe, o que � hoje o Iraque foi nos tempos antigos, a mesopotania aonde existiram povos como os Sum�rios e Ass�reos e aonde foi constru�da a cidade de Babil�nia e Ur, que constitu�ram a base da nossa civiliza��o. Ao que foi noticiado, pe�as de valor incalcul�vel foram roubadas, sem que as for�as americanas, que j� tinham sido avisadas pelos perigos a que o museu estava exposto tivessem feito um esfor�o para as defender.

G.W.B. - Pelos vistos voc�s l� no Canad� n�o viram a C.N.N, como foi noticiado, as for�as americanas estavam a proteger o "Minist�rio do Petr�leo", e n�o podiam perder tempo com essas velharias.

T.F. - Mas porque atacar o Iraque?
Em toda a Am�rica do Sul, ao longo dos anos regimes dos mais tir�nicos e corruptos foram tolerados e at� criados pelos Estados Unidos, como foi o caso do Chile em que um presidente eleito legalmente pelo povo, Salvador Allende, foi assassinado por um grupo de oficiais apoiados pela C.I.A., por ironia do destino tamb�m no dia 11 de Setembro, mas de 1973. Por todo o mundo regimes dos mais ditatoriais como a Indon�sia que invadiu Timor, e aonde foram chacinadas meio milh�o de cidad�os de origem chinesa, Filipinas, Rep�blica do Congo, e tantos outros foram apoiados pelos Estados Unidos.
A prop�sito Sr. Presidente, at� na terra aonde eu nasci, Portugal, n�s tivemos um regime ditatorial que durou mais de 40 anos, e os americanos n�o invadiram o pa�s.

G.W.B. Portugal n�o interessa, voc�s n�o t�m petr�leo, a n�o ser que seja no Entroncamento. No nosso tempo eu � que sou o salvador da civiliza��o crist� e ocidental, o passado n�o conta.

T.F. - Mas Sr. Presidente, mesmo agora h� imensos regimes ditatoriais, por esse mundo fora. Por exemplo, os seus grandes amigos como a Ar�bia Saudita, e os outros Estados do Golfo s�o dominados por fam�lias reais, ditatoriais, cru�is e corruptas.
Na Ar�bia Saudita, as mulheres n�o podem sair � rua sozinhas, guiar um autom�vel ou ir ao banco. Os criminosos e todos os que se op�em ao regime s�o presos sem julgamento, torturados, cortam-lhe as m�os, os p�s ou at� a cabe�a nas pra�as p�blicas. Se o Saddan era mau, os Emires da Ar�bia Saudita e dos Estados do Golfo ainda s�o piores. A prop�sito a maioria dos conspiradores do 11 de Setembro eram da Ar�bia Saudita e nenhum do Iraque.

G.W.B. - Voc� n�o percebe nada de politica americana. Na Ar�bia Saudita h� petr�leo, e � explorado



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Toronto,
21/Abril/2003
Edi��o 777

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira


 

 

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