Porto- O futebol profissional português continuou em
2001/02 imparável rumo à... falência, mantendo-se
autista face à realidade económica nacional nternacional.
Esta é a conclusão que se pode retirar de um estudo que
a Liga Portuguesa de Futebol Profissional encomendou
a uma empresa multinacional de auditoria, que e vai
ser publicado na íntegra por um diário desportivo.
Com os custos com pessoal a manterem-se como o
grande "cancro" - consomem ainda 78 por cento das
receitas correntes e 61 por cento dos proveitos totais da
I Liga - o campeonato somou novo prejuízo líquido, de 57
milhões de euros.
Isto numa temporada de 2001/02 em que as receitas
inverteram a tendência negativa e recuperaram 40
por cento, para um total de 219 milhões de euros.
Apesar de todas as advertências, os clubes "continuam
a viver no reino da irresponsabilidade, muito acima das
suas possibilidades", e aumentaram 18 por cento os
custos com pessoal de 2000/01 para 2001/02 respectivamente
de 114 para 134 milhões de euros - em 1998/99 o número
era de "apenas" 85 milhões de euros.
Os denominados "grandes" são os clubes que mais
contribuem para o rumo negativo do futebol português: o
peso dos custos com pessoal e amortizações na receita
corrente, sem transferências de jogadores, representa
192 por cento no Sporting, 146 por cento no Boavista,
144 por cento no FC Porto e 128 por cento no Benfica.
Estes dados significam que o Sporting estava em falência
técnica no final da época 2001/02, tal como acontecia
com o Vitória de Setúbal, Beira-Mar, Sporting de Braga
e Santa Clara, situação que entretanto pode ter sido
ultrapassada ou minimizada.
O estudo revela que os grandes clubes são claramente
os piores gestores, comparando receitas com rentabilidade,
dando assim um péssimo exemplo de gestão.
Os grandes clubes são responsáveis por 69 por cento
(151 milhões de euros) da receita total (219 milhões de
euros) da I Liga, valor que fica muito longe dos grandes
campeonatos da Europa - apesar disso a empresa que
realizou o estudo garante ter soluções para equiparar
Portugal aos mais rentáveis campeonatos do Velho Continente.
Inglaterra (1.556 milhões de euros), Itália (1.151),
Alemanha (871), França (644) e Espanha (569) são os
líderes europeus a gerar receitas.
A taxa média de ocupação dos estádios portugueses
continua muito baixa, pois só um em cada três lugares é
ocupado na I Liga e um em cada 10 na II Liga.
A assistência média por jogo é de apenas 6.765
espectadores, sendo o FC Porto, Benfica, Sporting, Vitória
de Guimarães e Boavista, por esta ordem, os clubes que
mais bilhetes venderam e os únicos a ultrapassar este valor.
Mais de sete em cada 10 dos 46.000 bilhetes vendidos
em cada jornada são adquiridos por sócios. A totalidade
dos clubes mais pequenos vendem 600.000 bilhetes por
ano (30 por cento do total), boa parte dos quais precisamente
nos jogos contra o FC Porto, Benfica e Sporting.
As receitas totais da II Liga ascendem a 30 milhões de
euros, mas o conjunto das equipas apresenta um prejuízo
líquido de 2,7 milhões de euros, o que equivale a um défice
médio por equipa de 150.000 euros.
O estudo revela ainda que a Liga Portuguesa de Futebol
Profissional apresenta contas equilibradas com7,0 milhõe
de euros de receitas face a 6,9 milhões de euros de despesas.