� importante para os seres humanos,comemorar datas e locais que tiveram import�ncia para a sua vida. Desde, ao n�vel individual, a data e o s�tio do nosso casamento, nascimento dos nossos filhos ou at� no caso dos luso-canadianos a chegada ao Canad�, at� ao n�vel das sociedades e na��es, acontecimentos como a chegada � �ndia ou ao Brasil pelos portugueses, o desembarque do navio "Maryflower" em Dezembro de 1620, trazendo 102 colonos ingleses, que desembarcou no que � hoje Plimouth nos Estados Unidos, que organizaram e iniciaram a coloniza��o brit�nica nesta parte do mundo e a expedi��o dirigida pelo franc�s Jacques Cartier que em 1534 desembarcou nas Ilhas Magdalene e do Pr�ncipe Eduardo, iniciando a coloniza��o da �rea que � hoje Quebeque e Montreal iniciando assim a forma��o da na��o que hoje se chama Canad�.
CONSTRUINDO UMA NA��O
o Canad� foi constru�do pelos primeiros "imigrantes", os exploradores franceses ali�s precedidos por Jhon Cabot em 1491, um navegador ingl�s, que � semelhan�a dos jogadores de futebol modernos jogava por v�rias equipas de diferentes nacionalidades e para Giovani Caboti em It�lia e ao que parece Jo�o Caboto em Portugal. Esse Canad� original, uma na��o, pequena, atrasada e com uma popula��o incapaz de colonizar todo o seu territ�rio, s� se viria a transformar no estado moderno e pr�spero que � hoje, gra�as aos imigrantes, vindos da Europa, China, �ndia e Jap�o nos s�culos XIX e XX.
O grande passo em frente para a industrializa��o do Canad�, que se iniciara durante a segunda guerra mundial de 1939 a 1945, s� se viria a materializar com o influxo de imigrantes que durante as d�cadas de 50, 60 e 70 chagaram de v�rias partes do mundo.
Dessa vaga de imigrantes, que vieram a ajudar a transformar o Canad� dum pa�s colonial, e atrasado numa das sete na��es mais ricas do mundo faz parte a imigra��o portuguesa, , em massa, iniciada em 1953. Dessa maneira, a data do inicio dessa imigra��o em 13 de Maio de 1953, quando o navio italiano SATURNIA desembarcou em Halifax, na Nova Esc�cia com 69 portugueses a que se seguiria o VULC�NIA com 7 em 23 de Maio e NEA HELLAS em 2 de Junho com 103, marca, o in�cio desta nova descoberta de novos mundos para a gente lusitana e uma data importante para os luso-canadianos e para esta na��o que � hoje o Canad�.
A prop�sito, � importante notar mais uma vez que as autoridades canadianas n�o nos fizeram um favor. Os portugueses que chagaram em 13 de Maio de 1953, e os milhares que viriam depois, ajudaram a construir, esta na��o que hoje conhecemos, na qual participamos e a qual muitos de n�s sentimos como nossa.
Como � sabido, um grupo de portugueses, organizaram em Toronto um comit� para comemorar os cinquenta anos da chegada da primeira imigra��o portuguesa. Das dificuldades encontradas, n�o � agora a altura de falar, mas iremo-nos concentrar numa iniciativa organizada por esse grupo com a colabora��o do pequeno n�mero de luso-canadianos, que vivem na �rea de Halifax.
OS PRIMEIROS?
Quando me perguntam nesta terra, quem foram os primeiros imigrantes portugueses, menciono sempre os navegadores, os irm�os Corte Real, que por aqui estiveram nos primeiros anos do s�culo XVI. N�o indo, t�o longe, ainda n�o existia o Canad� de imigra��o j� por c� existiam portugueses, sendo talvez o mais famoso de todos eles o primeiro carteiro do Canad� Pedro da Silva, que em 1693, come�ou a distribuir cartas no que � hoje a prov�ncia do Quebeque. A prop�sito, o "Canad� Post", o servi�o de correios deste pa�s, vai editar um selo comemorativo de Pedro da Silva dentro de poucos dias. Devo acrescentar que a edi��o deste selo n�o aconteceu devido � gentileza das entidades canadianas, mas ao esfor�o tenaz de um grupo de compatriotas nossos que h� anos tem vindo a lutar por esta causa. Sem ir t�o longe como o s�culo XVII, sabe-se que ao longo dos anos, muitos portugueses que vinham pescar bacalhau na terra nova abandonavam os seus navios muitas vezes atra�dos por alguma beleza local e por c� ficaram. Muitas pessoas neste pa�s, especialmente nas prov�ncias mar�timas e na Terra Nova mencionam que os seus antepassados eram portugueses.
Tamb�m, antes de 13 de Maio de 1953 existiram alguns casos espor�dicos de portugueses que imigraram legalmente como Ant�nio Viola que, conheci em Toronto e de �lvaro Marques, Manuel Mota e Manuel Ferreira, citados no livro "With Hardened Hands", de Domingos Marques e Manuela Marujo, que aconselho a todos os leitores, interessados em conhecer a hist�ria da nossa gente no Canad�.
Enfim, era preciso ter uma data e n�o h� d�vida que 13 de Maio de 1953 � sem d�vida a data da primeira imigra��o organizada.
O PIER 21
A maioria dos imigrantes que chegaram ao Canad� nas primeiras sete d�cadas do s�culo XX, fizeram-no em grupos que vinham da Europa, em navios fretados para esse fim.
Esses barcos, atracavam numa doca do porto da cidade de Halifax, chamada Pier 21. A� os imigrantes eram recebidos pelas autoridades canadianas e enviados para diversas partes do pa�s, muitas vezes para trabalharem em condi��es p�ssimas e serem pagos sal�rios, muito inferiores aos que recebiam os canadianos. N�o � o fim deste artigo abordar as dificuldades porque passaram os nossos compatriotas que c� chegaram nos anos cinquenta e sessenta, mas � importante que n�o nos deixemos levar � certa, por uma vers�o l�rica dos acontecimentos. As autoridades canadianas queriam trabalhadores como 'hardened hands" (m�os calejadas como refere um documento oficial mencionado por Domingos Marques e Manuela Marujo no seu livro), para trabalharem muitas vezes em m�s condi��es e serem explorados. Os servi�os de ajuda e apoio aos imigrantes que hoje existem, eram desconhecidos, nos tempos em que chegaram os primeiros imigrantes. Hoje, passado meio s�culo, as coisas parecem muito bonitas e rom�nticas, mas os portugueses que nos precederam sofreram, trabalharam harduamente e muitas vezes foram explorados e mal tratados.
O Pier 21 em Halifax � hoje, uma esp�cie de museu, que aconselho a todos que o poderem fazer, a visitar. Nele se v�m imagens e recorda��es desses milhares de imigrantes, que deixaram as suas terras para virem para o Canad�, � procura de um mundo melhor. A apresenta��o � muito interessante, como � o caso da parte, em que o visitante tem a no��o que est� num comboio a atravessar o Canad� e ouve as hist�rias dos imigrantes, ou um filme projectado num �cran que parece ser o mais largo do mundo. No entanto, e isto � uma cr�tica aos organizadores da exposi��o, os factos s�o apresentados duma forma excessivamente optimista esquecendo-se o sofrimento por que alguns passaram ao viram para uma terra, muitas vezes dif�cil, pouco acolhedora e at� hostil Para aqueles que nos precederam, o Canad�, nem sempre foi um mar de rosas, e os d�lares n�o ca�ram das �rvores. O Pier 21 � ou deveria ser um monumento, � coragem dos imigrantes e �s dificuldades que eles enfrentaram.
UMA CERIM�NIA DIGNA
No dia 13 de Maio, no Pier 21, realizou-se a cerim�nia comemorativa da chegada daqueles que hoje s�o os pioneiros da imigra��o portuguesa para o Canad�.
V�rios pioneiros ou seus descendentes e esposas estiveram presentes e um grupo de uns 40 portugueses vindos de Toronto, assim muitos luso-canadianos da �rea de Halifax. De notar na assist�ncia, v�rios casos de duas gera��es de imigrantes como era o caso de Ant�nio Sousa, um pioneiro e elemento destacado na nossa comunidade e de seu filho Charles, vice presidente do Royal Bank bem conhecido pelo seu envolvimento nas actividades comunit�rias.
Tamb�m, vimos na assist�ncia a Dr�. Teresa Costa, professora da Medicina Gen�tica na Universidade de Dalaawerie em Halifax e sua filha Eliane que acaba de concluir, o seu mestrado em psicologia na mesma Universidade. Outro par de duas gera��es foi a presidente do Comit� organizados Clara Fonseca e sua filha Natacha. Estou a mencionar estes nomes, n�o porque pretendo fazer deste artigo, uma cr�nica mundana mas para fazer real�ar o facto, que embora muitos de n�s consigamos envolver os nossos filhos nas actividades relacionadas com a comunidade portuguesa, ainda h� muitos jovens, na sua segunda gera��o que ir�o continuar a preservar a cultura portuguesa no Canad�.
A primeira Ministra da Nova Esc�cia, fez-se representar pelo deputado Tim Olive, e o governo portugu�s enviou o Ministro dos Neg�cios Estrangeiros, � falta dum ministro das comunidades e imigra��o que eu tinha proposto como conselheiro das comunidades e tinha sido prometido pelo partido que hoje est� no poder em Portugal, durante as elei��es. Enfim, mais uma promessa aos imigrantes n�o cumprida. Assim, l� tivemos a falar aos portugueses do Canad� o Ministro dos Neg�cios Estrangeiros (tipo mais forte s.f.f.). Devo acrescentar, que o discurso do ministro em portugu�s e excelente ingl�s e franc�s, foi bastante interessante e construtivo, seguindo uma linha de pensamento que hoje, felizmente se come�a a delinear na pol�tica dos governantes portugueses -o encorajar os imigrantes, embora preservando a sua cultura a interessarem-se nos pa�ses de acolhimento e a participarem na vida politica dessas na��es.
De notar e de criticar a aus�ncia da Ministro Sheila Copps, o �nico verdadeiro liberal a concorrer � lideran�a do partido com esse nome, que representa Hamilton, uma cidade aonde os luso-canadianos a t�m sempre apoiado.
Um dos pontos altos da cerim�nia, foi a apresenta��o ao Pier 21, aonde ficar� a fazer parte da exposi��o, de duas obras de arte, por artistas luso-canadianos.
Uma delas, foi um quadro pintado por Lu�s Jos� Paiva de Carvalho, aleg�rico � presen�a dos portugueses no Canad�, come�ando com os navegadores do s�culo XVI, at� aos luso-canadianos dos nossos dias.
A outra obra de arte, foi um extraordin�rio baixo-relevo em madeira feito por Mauricie Almeida, bem conhecida em Toronto pelos seus trabalhos art�sticos expostos em v�rios s�tios, especialmente na Casa do Alentejo. Este trabalho not�vel, representa com grande min�cia e detalha um grupo de imigrantes do Saturnia, o comboio que os levou �s diversas partes do pa�s e imagens do Canad�. Trata-se duma obra de arte de grande valor que ir� enriquecer a exibi��o do Pier 21 e ser� o orgulho de todos os luso-canadianos. Ao que me informaram, o trabalho de Maauricie Almeida foi objecto dum artigo no jornal principal de Halifax e de v�rios programas de televis�o.
Enfim, uma cerim�nia, feita com dignidades e efici�ncia, resultado da colabora��o entre os luso-canadianos de Toronto e de Halifax. N�o � dif�cil, especialmente usando apenas amadores, organizar uma cerim�nia a v�rios milhares de dist�ncia.
Claro que nem tudo foi perfeito, mas pode-se afirmar que a data da chegada da primeira emigra��o portuguesa organizada, ao Canad�, foi comemorada em Halifax duma forma digna, que nos deve orgulhar a todos.