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ELEI��ES � VISTA
Este � um assunto que quer queiramos ou n�o nos atinge a todos, especialmente numa altura em que tantos luso-canadianos est�o a concorrer.

Em Novembro deste ano de acordo com a lei em vigor, teremos elei��es municipais que ir�o escolher os presidentes das c�maras, os Vereadores e os Concelhos Municipais.

Tamb�m se esperam elei��es, no princ�pio do pr�ximo ano, para os deputados provinciais e federais e portanto para os Parlamentos e os governos do Canad� e da Prov�ncia do Ont�rio, que como se sabe t�m as suas capitais em Otava e Toronto, respectivamente.

� poss�vel, que alguns dos eleitores, talvez influenciados pelo que lhes diziam em Portugal, nos tempos que j� l� v�o, pensem que "a minha pol�tica � o meu traba-lho", ou que ainda � pior tenham uma atitude de desconfian�a e cinismo em rela��o aos pol�ticos e n�o acreditem que merece a pena importarem-se com o assunto.

Na realidade, os pol�ticos que iremos eleger ser�o respons�veis por decis�es que ir�o atingir a vida de todos n�s que habitamos neste pa�s, desde a recolha do lixo, aos impostos que pagamos, passando por assuntos t�o importantes como a educa��o das nossas crian�as ou os servi�os de sa�de que temos.

Na realidade, se n�o participarmos no processo politico, n�o poderemos, ter o direito de influenciar as decis�es que afectam a nossa vida. N�o chega dizer que n�o estamos de acordo. � preciso actuar duma forma construtiva, e em democracia, votar � uma das formas de influenciar as decis�es dos que nos governam.

Embora esta n�o seja a raz�o principal para escrever este artigo, aproveito a oportunidade para sugerir aos leitores que ainda n�o s�o cidad�os canadianos para o fazerem -afinal se s�o eles com os seus impostos que contribuem para pagar para os governos, tamb�m dever�o ter o poder de os eleger. Al�m disso, quantos mais portugueses votarem, maior ser� o respeito que haver� pela nossa comunidade, neste pa�s. Muitas vezes, n�o nos ligam muito, porque sabem que somos bons trabalhadores, honestos, bem comportados fazemos paradas bonitas, mas n�o temos poder pol�tico nenhum, uma vez que n�o votamos em n�mero suficiente para afectar o sistema pol�tico. Sermos "bonzinhos", n�o chega, � preciso ter poder pol�tico.

VOTANDO POR "PORTUGUESES"

Uma caracter�stica importante das pr�ximas elei��es, � o n�mero elevado de pessoas de origem portuguesa que est�o a concorrer, o qual � sem d�vida, o mais alto desde que a gente lusitana come�ou a imigrar para estas terras do Canad�. Al�m disso, este n�mero j� de si elevado, de candidatos, parece que ainda ir� aumentar, pois ao que me dizem, ainda h� mais portugueses interessados em concorrerem nas pr�ximas elei��es.

Esta situa��o, levanta mais uma vez a quest�o de qual ser� a nossa atitude e por quem n�s os que somos cidad�os canadianos, deveremos votar, e os outros que ainda n�o t�m o direito ao voto, ir�o suportar.

Em primeiro lugar, irei brevemente, referir-me a uma atitude doentia e destrutiva de alguns, espero que sejam uma min�scula minoria, que rejeitam um candidato apenas porque � portugu�s ou porque n�o gostam dele, �s vezes por raz�es mesquinhas e rid�culas. Com esses pobres de esp�rito, n�o irei perder tempo, e apenas lamentar que eles ainda existam no seio da nossa comunidade. Direi apenas que muitos deles possivelmente, ter�o aquilo a que o nosso povo chama "dor de cotovelo"ou simplesmente inveja.

Em primeiro lugar, farei notar, que no subt�tulo desta parte do artigo, eu uso a palavra portugu�s entre aspas. Na realidade, teremos de n�o esquecer, que n�o existem candidatos "portugueses". Eles s�o na realidade cida-d�os canadianos de origem portuguesa, o que � muito diferente como veremos mais adiante.

No Canad�, n�o existem como sucede noutros pa�ses, como o L�bano ou Chipre, representa��es no Parlamento e Governo por nacionalidade, grupo �tnico ou religioso - somos todos canadianos.

Os canadianos de origem chinesa, italiana, indiana, russa ou outros que est�o no Governo e Parlamento est�o l�, n�o para representar as comunidades a que pertencem mas os canadianos em geral. Em primeiro lugar, no caso dos portugueses, n�o existe, ao que eu saiba um �nico circulo eleitoral em que a maioria dos eleitores seja de origem portuguesa. No entanto, mesmo que existisse um c�rculo eleitoral dominado pelos portugueses, qualquer politico que fosse eleito por essa �rea, que chegasse ao Parlamento ou ao "caucus" (grupo parlamentar), actuando como "portugu�s" em vez de canadiano, seria criticado, marginalizado ou at� afastado.

A constitui��o deste pa�s n�o reconhece representa��o por grupo �tnico e uma atitude como a que me referi, seria objecto de severa cr�tica e rejei��o. Conhe�o o caso dum ministro, oriundo dum certo grupo �tnico -e isto passou-se com o NDP, em geral um pouco mais tolerantes nestas coisas- que perdeu o seu lugar porque ao que parece, estava a favorecer excessivamente a sua gente.

A fun��o duma pessoa eleita, � representar todos os seus eleitores e de forma alguma apenas os que pertencem ao seu grupo �tnico.

Vem isto a prop�sito de uma afirma��o que tenho ouvido aos partid�rios de luso-canadianos concorrendo a elei��es, e at� mesmo aos pr�prios candidatos "votem por mim porque irei representar os portugueses". Se algu�m disser isso ao leitor, responda-lhes com uma gargalhada, ou se estiver mal disposto mande-os a um s�tio que n�o irei mencionar, pois n�o gosto de usar palavras feias.

� �bvio, que � important�ssimo para a comunidade que luso-canadianos, sejam eleitos e que se saiba que a nossa gente tem poder eleitoral e � capaz de mobilizar milhares de votos, por�m ningu�m nos deve tentar enganar dizendo que nos v�o representar no Par-lamento, Governo ou Concelho Municipal. Essa representa��o seria contr�ria �s leis que nos regem, e mais ainda n�o seria de forma alguma autorizado. Um cida-d�o � eleito para representar os seus eleitores, mas nunca um grupo �tnico. Algu�m que o fizesse, seria atacado ferozmente pelos media e afastado pelos seus colegas e l�der do partido que representasse.

Lembro-me que aqui h� uns anos, o ent�o vereador Martinho Silva, foi injustamente atacado por muita gente por ter suportado uma decis�o da maioria dos seus eleitores, que impunha restri��es a uma actividade das comemora��es do 10 de Junho -a festa no Bellwoods Park. Infelizmente, muita gente n�o percebeu que Martinho Silva, com quem eu diga-se de passagem estive muitas vezes em desacordo, estava a representar aqueles que o tinham eleito e n�o os seus compatriotas, muitos deles que n�o tinham direito a voto ou nem sequer moravam no seu bairro.

Claro que � importante, mais uma vez dizer aos portuguese que votem, mesmo at� que n�o o fa�am por um candidato luso-canadiano, uma vez que isso lembrar� �s autoridades que somos ou melhor ser�amos uma vez que ainda n�o cheg�mos l� uma grande for�a pol�tica.

Ali�s, devemos dizer que ter uma grande for�a eleitoral com milhares de portugueses a votar, � tanto ou mais importante que eleger luso-canadianos. Um t�pico, � o da comunidade chinesa, que sem ter uma grande n�mero de pessoas eleitas, imp�e respeito aos governantes pela sua for�a eleitoral e politica. N�o poderei nunca es-quecer, que o First Portuguese perdeu a sua sede porque cerca de duzentos mil d�lares prometidos pelo governo federal, nunca chegaram enquanto uma organiza��o de origem chinesa, em condi��es semelhantes, n�o s� recebeu uma quantia equivalente, como mais tarde, como ela n�o chegasse teve mais um subs�dio. Se os gover-nantes soubessem que por dizerem n�o aos portugueses, iriam perder um ou dois deputados, em c�rculos eleitorais em que vive a nossa gente, tenho a certeza de que o dinheiro para o subs�dio do First Portuguese, teria aparecido. Claro que isso n�o sucedeu e dentro duns meses and�va-mos todos a sorrir aos deputados respons�veis.

EM QUEM VOTAR?

� minha opini�o, que l� porque um candidato � luso-canadiano, n�o teremos, obrigatoriamente de votar por ele. Essa atitude, n�o ir� de forma alguma ser favor�vel para a nossa reputa��o neste pa�s. Votarmos em re-banho, como carneirinhos, n�o nos prestigiaria aos olhos dos outros canadianos. Al�m disso, iria ser uma nega��o dos princ�pios da democracia que nos regem.

Se soubermos que ao votar num luso-canadiano, iremos suportar um governo que ir� prejudicar o ensino das nossas crian�as, os nossos servi�os de sa�de, ou os impostos que pagamos, n�o deveremos votar por ele. Votar-se numa pessoa, apenas porque ele ou os seus pais nasceram em Portugal � absolutamente errado e n�o nos ir� beneficiar.

Por outro lado, uma vez que por enquanto o n�mero de portugueses eleitos � ainda muito pequeno, deveremos dar uma aten��o especial aos candidatos luso-canadianos e muitas vezes ajudar um candidato, que noutras circunst�ncias n�o ir�amos apoiar. Antes de escrever este artigo, assinei um cheque, e isto n�o � a primeira vez que acontece, para suportar um candidato per-tencente a um partido por quem eu normalmente n�o voto.

A situa��o ideal, ser� a que conseguiram os indo-canadianos, especialmente os "sikhs", na British Columbia, em que em certas �reas, existem cidad�os canadianos deste grupo �tnico, a concorrerem por todos os partidos. Calcule-se que at� no partido mais � direita no Parlamento do Canad�, a Canadian Aliance, existem deputados de origem indiana. Tamb�m j� existiu uma pessoa com esta origem �tnica, que foi primeiro ministro da British Columbia.

Como seria bom, que nas pr�ximas elei��es, nas �reas aonde vivem mais portugueses existissem em cada c�rculo eleitoral um luso canadiano a concorrer pelos Conservadores, outro pelos Liberais, e um pelo NDP. Nesse caso n�o t�nhamos problemas com a escolha.

Como infelizmente, esta situa��o ainda n�o chegou, pessoalmente classifiquei os luso-canadianos a con-correr em elei��es em cinco grupos. Irei partilhar com os meus leitores esta classifica��o, o que ser� tamb�m uma forma de contribuir para o debate dum assunto que julgo importante.

Categoria O1 - O luso-canadiano concorrendo para o lugar, pela sua personalidade, falta de honestidade e princ�pios morais, aus�ncia de qualidades ou outras raz�es s�rias, n�o ir� servir os interesses dos eleitores e ser� prejudicial para o prest�gio da comunidade. Em resumo, trata-se duma pessoa, que se for eleita ser� prejudicial para o pa�s e muito especialmente para a comunidade portuguesa.

Nesta medida n�o � dif�cil tomar uma posi��o, este candidato n�o receber� o meu apoio.

Categoria 1 - O candidato luso-canadiano tem todas as qualidades para o lugar, por�m pertence a um partido que na minha opini�o ser� prejudicial ao pa�s, prov�ncia ou at� a comunidade luso-canadiana. Mais do que isso ele est� a concorrer num c�rculo que tem possibilidades de ser ganho por um partido ou um candidato que ser�o mais �teis para a na��o, e ir favorecer a na��o e a co-munidade. Neste caso, o candidato n�o receber� o meu apoio, embora tenha, como n�o podia deixar de ser, a minha simpatia por ser portugu�s.

Categoria 2 - O candidato em quest�o representa um partido, que na minha opini�o n�o � o melhor para a na��o ou a prov�ncia, mas tem possibilidades de ganhar e mais do que isso est� a concorrer contra um candidato que representa uma op��o muito pior. Neste caso, irei dar o meu apoio financeiro e at� talvez moral e pol�tico.

Categoria 3 - O candidato � excepcional, embora n�o perten�a ao partido que eu na minha opini�o � o melhor para o pa�s ou a prov�ncia, e a sua elei��o n�o ir� quase de certeza influenciar quem ir� formar o governo. Nesse caso darei o meu apoio quase total, especialmente se o candidato pertencer a uma linha pol�tica que embora n�o seja a ideal � minha � uma boa op��o para o pa�s. Outro factor importante ser� a de esse candidato estar a concorrer, para uma posi��o que at� agora nunca foi ocupada por um luso-canadiano, como por exemplo deputado federal.

Categoria 4 - O candidato tem qualidades, pertence � linha pol�tica melhor para o pa�s e a prov�ncia. Neste caso poderei dar a minha ajuda a 100%.

Ao estabelecer estas categorias � apenas minha inten��o de estimular um debate sobre o assunto e chamar a aten��o para as dificuldades que muitas vezes se nos deparam, quando como luso-canadianos, temos de tomar uma decis�o sobre este assunto.

Concluindo gostaria de acabar com a afirma��o de dois pontos que me parecem importantes.

- N�o devemos suportar ou votar por um candidato apenas porque ele � luso-canadiano. Fazer isso ser� deturpar os princ�pios da democracia, as regras constitucionais que regem o pa�s e eventualmente prejudicar a comunidade portuguesa.

- Na situa��o presente, dado o pequeno n�mero de portugueses que t�m sido eleitos, para posi��es pol�ticas, precisamos de adoptar um pouco as nossas convic��es ideol�gicas, �s realidades que existem, do que resultar� que iremos em certas situa��es suportar um candidato, que se n�o fosse luso-canadiano n�o teria o nosso apoio.

Concluindo, neste assunto dos candidatos luso-canadianos, como tudo nesta vida, n�o h� solu��es simples, e precisamos de tomar uma decis�o racional baseada em factos concretos, e nunca em preconceitos ou ami-zades e antipatias pessoais.



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Toronto,
14/Julho/2003
Edi��o 789

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira

   

   


 

 

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