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ESTAR S�
Chego a conclus�o que fui injusto com pessoas. Fui precipitado em algumas decis�es. Fui rude ao proferir determinadas palavras, ou at� mesmo que poderia ter agido melhor tornando com o meu ato uma pessoa mais feliz.

Me deixe em paz! V� se d� um tempo! Me poupe, v�! S�o express�es que indicam o mesmo desejo. O desejo de estar s�. O desejo de parar para pensar, ou como dizia minha m�e, o desejo de ficar sozinho com os meus bot�es.

Tudo isso vem a prop�sito da maneira que encontro para ficar s�. Enquanto muitos, quando dirigem seu autom�vel querem companhia, querem barulho, ligam o r�dio, conversam, e �s vezes at� gesticulam, eu prefiro ficar em sil�ncio. Os que me acompanham em viagens, muitas vezes pensam at� que estou preocupado ou com algum problema. Mas isso raramente acontece. O que gosto mesmo � da solid�o do volante.

Enquanto atento, sigo pela estrada, a cabe�a vai a mil, viajando por sonhos reprimidos. Repensando fatos acontecidos. Buscando decis�es para problemas emergentes. Planejando a��es presentes e futuras. Posso, nessas ocasi�es, viver uma vida a parte. As vezes reconstituo a realidade dando largas a minha fantasia, vivendo ent�o o mundo que gostaria que fosse real. Em outras oportunidades, procuro me projetar para o futuro, adivinhar o que vai acontecer, buscando solu��es que me permitam o dom�nio das situa��es.

N�o raro brinco. Brinco muito, apenas com a minha mente, tentando imaginar, por exemplo, o que aconteceria se, entrando num t�nel do tempo, pudesse voltar a minha inf�ncia, de posse de um computador, de um mini-game ou de qualquer outra dessas parafern�lias eletr�nicas, t�o comuns na vida de nossas crian�as. Ia ser uma zorra.

No m�nimo iam achar que eu era um habitante de outro planeta. Agora, divertido mesmo seria provar que o aparelhinho era "made in Brazil", produzido na Zona Franca de Manaus.

Me internariam como louco. Naquela �poca Manaus era uma distante cidade, perdida na imensid�o amaz�nica, que importava tudo que consumia. Muitas vezes posso, estando s�, reconsiderar fatos e decis�es. Liberto das press�es e do ambiente, com muito mais humildade, analiso acontecimentos que marcam o meu dia- a- dia e n�o raro, verifico que eles n�o s�o exatamente como julgava que fossem.

Que podem ter outra interpreta��o, que podem ser vistos por outro �ngulo e que cada acontecimento da vida tem mil facetas que, aparentemente iguais, s�o diferentes entre si. E chego a conclus�o que fui injusto com pessoas.

Fui precipitado em algumas decis�es. Fui rude ao proferir determinadas palavras, ou at� mesmo que poderia ter agido melhor tornando com o meu ato uma pessoa mais feliz. Mas o que me empolga mesmo � fazer planos.

Enquanto sigo ao volante, penso na cria��o de novos programas, na realiza��o de novos objetivos, no desenvolvimento daquilo que j� possuo. Planejo at�, os temas daquilo que vou escrever e das aulas que vou ministrar.

E ao transpor para o papel todas estas id�ias, dando vida aos meus sonhos, vejo como pode ser f�rtil o sil�ncio de algu�m, que num momento de paz busca um encontro consigo mesmo.

* Paulo J. Rafael � jornalista, professor universit�rio e doutorando em Ci�ncias Pol�ticas e Administra��o P�blica pela AWU- American World University of Iow



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Toronto,
14/Julho/2003
Edi��o 789

ANO XXIII

   
   
    * Paulo J. Rafael
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