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Antigo bacalhoeiro
�Creoula�

Lisboa, - Com o equivalente a dez voltas ao mundo realizadas na pesca do bacalhau, o �Creoula�, actualmente o �nico navio de treino de mar portugu�s, com 5.000 jovens no �curriculum�, parte agora na primeira expedi��o para observa��o das baleias nos A�ores.

O veleiro �Creoula�, considerado �a �ltima j�ia da constru��o naval portuguesa� e o �nico lugre de quatro mastros do mundo, andou nos mares da Terra Nova e Gronel�ndia de 1937 a 1973 na pesca do bacalhau.

Constru�do em 1937, no Estaleiro da Cuf num tempo recorde de 62 dias �teis, foi entregue ao seu armador - Parceria Geral das Pescas em 12 de Maio do mesmo ano, tendo partido atrasado para a campanha, j� que antes da partida todos os bacalhoeiros eram benzidos em cerim�nia solene, com missa campal, no primeiro domingo de Abril, frente aos Jer�nimos.

Normalmente navegava de Lisboa rumo aos Bancos da Terra Nova, Nova Esc�cia e St. Pierre et Miquelon, onde permanecia at� fins de Maio, se as condi��es o permitissem.

No caminho eram preparados os apetrechos de pesca, sorteados e aparelhados nos 62 d�ris (pequenas embarca��es a vela) que o navio levava e feitos os �ltimos preparativos.

J� perto do Grande Banco, come�ava a trabalhar o gigo (toneira, equipamento para apanhar a lula), � procura da lula - petisco que o bacalhau apreciava. �Olha+lula! - gritava quem primeiro a apanhasse.

Zagaias polidas � navalha saltavam para a �gua e, quando sa�a o primeiro bacalhau, come�ava verdadeiramente a campanha.

�Vamos arriar com Deus� - gritava o capit�o. Cada um com o seu pescador, os d�ris eram colocados na �gua ao alvorecer, desaparecendo na bruma pr�pria das �guas frias.

A pesca durava o que fosse preciso ou o que o tempo permitia, enquanto o navio m�e estava fundeado a sotavento, para os recolher mais tarde.

Dirigia-se depois � Nova Esc�cia ou � Terra Nova onde reabastecia de isco fresco, mantimentos, combust�vel e aguada, seguindo para a Gronel�ndia, onde chegava em meados de Junho para recome�ar a pesca. Voltava mais tarde � Terra Nova, onde permanecia at� Outubro, regressando de seguida a Lisboa numa viagem de dez dias. No Inverno, o �Creoula� repousava nas instala��es do seu armador no Barreiro, e era porventura reparado dos maus tratos sofridos no mar do Norte durante as referidas campanhas.

Num ano de boas pescas o veleiro podia carregar 12.200 quintais de peixe verde (salgado), correspondendo a cerca de 800 toneladas, bem como cerca de 60 toneladas de �leo de f�gado do bacalhau.

Em 1973, era o �ltimo barco � vela que pescava � linha, j� rodeado por poderosos arrast�es com uma capacidade muito superior de pesca e armazenamento do bacalhau. As velas, imprescind�veis durante s�culos para garantir a autonomia dos bacalhoeiros, passaram a ser um rom�ntico anacronismo.

O �Creoula� navegou ao longo das suas campanhas de pesca ao bacalhau o correspondente a dez voltas ao mundo, essencialmente a motor e � vela. Nessa altura, j� meia centena de veleiros portugueses desta pesca haviam parado: uns foram desmantelados, outros, como o �Santa Maria Manuela�, foram adaptados a diferentes tipos de pesca, e outros ainda foram vendidos para o estrangeiro, nomeadamente o �Gazela Primeiro�, actualmente em Filad�lfia (EUA) como museu, e o �Argos�, que realiza cruzeiros tur�sticos nas Cara�bas.

Com a queda da pesca de anzol, que deixou de ser rent�vel por exigir um n�mero exagerado de pescadores, foram substitu�dos pelos navios de arrasto e pelas redes de emalhar.

Os dias do �Creoula� como bacalhoeiro chegavam ao fim, mas o seu destino estava prestes a mudar. Face � decis�o do Estado de o manter no pa�s, o veleiro foi transformado em navio de treino de mar, ap�s uma paragem de 14 anos, tendo sido entregue � Marinha de Guerra Portuguesa a 01 de Junho de 1987.

Desde ent�o, 5.000 jovens j� embarcaram no �Creoula�, actualmente perten�a do Minist�rio da Defesa, operado pela Armada e presentemente sob o comando do primeiro tenente Jorge Martins da Cruz, com uma guarni��o de 37 militares, oficiais, sargentos e pra�as.

O veleiro proporciona aos jovens civis a partir dos 14 anos, o contacto com o mar e a vida a bordo, onde acompanham a guarni��o do navio nas tarefas do dia a dia. Um experi�ncia que, a partir de s�bado, vai ser repetida pelos cerca de 80 participantes da primeira expedi��o biol�gica do �Creoula� que zarpa rumo aos A�ores desta vez com um objectivo bem diferente: observar as baleias no seu habitat natural.




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Toronto,
14/Julho/2003
Edi��o 789

ANO XXIII

   
   
   
  

 

 

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