LEIA
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MERCEARIAS M�DICAS
O presente governo conservador do Ont�rio, embora um pouco �s escondidas, vai aos poucos comercializando, o sistema m�dico do Ont�rio. Mais um assunto que nos toca a todos.
(Mercearias), ou talvez para usar uma linguagem mais moderna, �supermercados� m�dicos, come�am su-brepticiamente a aparecer em v�rias prov�ncias do Canad�, governadas por partidos de tend�ncias conservadoras tais como British Columbia, Alberta e Ont�rio.
Como � sabido, a lei que governa o sistema m�dico deste pa�s, � o "Canad� Health Act" (Lei da Sa�de do Canad�), inspirada no sistema criado em Saskatchewan, pelo Governo N.D.P. de Tommy Douglas em 1946 e mais tarde promulgada pelo governo federal liberal, para toda a na��o. Esta lei, pro�be o pagamento por qualquer servi�o m�dico, necess�rio para a sa�de f�sica ou mental, desta maneira acabando com a medicina privada no Canad�.
Certos elementos da classe m�dica, grupos financeiros, muitos deles americanos, e claro os ide�logos conservadores, t�m lentamente tentado boicotar o sistema, subverter o Canada Health Act e instalar neste pa�s a medicina privada, a que eu gosto de chamar �comercial�, do que resultar� uma medicina para os ricos, outra para os pobres.
Embora esta situa��o da exist�ncia de uma medicina de primeira classe para os abastados e uma de segunda para os outros, pare�a � primeira vista, a pena imoral, mas sem constituir um perigo para aqueles de n�s que n�o somos ricos, estudos t�m mostrado que as coisas s�o mais complicadas. Na realidade, no momento em que existe uma medicina de primeira classe, com maiores possibilidades financeiras ela poder� ir buscar m�dicos, enfermeiros e outros profissionais de sa�de, � medicina de todos n�s.
Esses profissionais, ali�s formados com a ajuda dos contribuintes, poder�o ser atra�dos para a medicina comercial, com ordenados e subs�dios, que a medicina de todos n�s n�o tem.
Assim como o Real de Madrid, poder� ir ao Santa Clara, buscar os jogadores que necessitar, a medicina privada, tamb�m ser� capaz de recrutar os m�dicos e profissionais de sa�de que desejar, entre os que trabalham para os servi�os p�blicos, no caso do Ont�rio, o OHIP.
Esta amea�a da medicina privada aos servi�os de sa�de, que todos n�s usamos � um assunto muito s�rio, que nos pode atingir a todos n�s e que infelizmente, com poucas excep��es, como o artigo escrito na semana passada por Humberto da Silva sobre o futuro hospital de Brampton, pouca aten��o tem recebido dos m�dia luso-canadiano.
Vendendo MRI�s
O MRI, que se poder� traduzir em portugu�s por Resson�ncia Magn�tica, � um teste muito importante da medicina moderna, mas que infelizmente como muitas cria��es da ci�ncia e tecnologia modernas, � muito caro. Claro que este teste n�o substitui o cl�nico, ou outras t�cnicas como simples radiografias, ultrasons (em portugu�s ecografias), an�lises ou pura e simplesmente examinar o doente. No entanto, temos de admitir, que em certas condi��es o MRI � essencial para o tratamento do doente.
Dentro da sua pol�tica de lentamente deixar entrar a medicina privada na prov�ncia do Ont�rio, o governo conservador autorizou a primeira cl�nica privada para fazer MRI�s (Resson�ncia Magn�tica), nesta prov�ncia.
Esta cl�nica que abriu s� h� 3 semanas, j� come�ou, conforme noticiou o Toronto Star, a prejudicar os servi�os p�blicos pagos pelo OHIP e com os quais ningu�m nesta prov�ncia tem de despender um c�ntimo.
O primeiro t�cnico contratado, e neste momento h� uma grande falta deles, n�o s� no Canad� como em todo o mundo, foi atra�do de um hospital em Windsor, com a promessa duma gratifica��o de dez mil d�lares, conforme foi anunciado em an�ncios publicados em jornais no Canad� e no estrangeiro.
Entrevistada pelo Toronto Star, a Sra. Neena Kanwar, directora da nova cl�nica tentou limpar-se com v�rias desculpas pouco convincentes, tais como que essa quantia seria uma gratifica��o por bom trabalho feito.
Entretanto cl�nicas deste g�nero, ir�o abrir em Huntsville, Oakville, Mississauga, Durham, Thunder Bay e Kingston.
Enquanto os l�deres do NDP (Howard Hampton) e do Partido Liberal (Dalton McGuinty), criticam o governo conservador do Sr. Ernie Eves, estas cl�nicas come�am a proliferar e dado que existe uma grande falta de t�cnicos, continuar�o a fazer aquilo que os cr�ticos chamam (poaching) (pescar ou ca�ar ilegalmente), os t�cnicos dos hospitais da prov�ncia do Ont�rio.
Outra consequ�ncia s�ria da exist�ncia destas cl�nicas particulares � que qualquer pessoa que possa gastar os 700 a 1,200 d�lares que custar� uma Resson�ncia Magn�tica poder� conforme disse o Ministro da Sa�de do governo conservador do Ont�rio, Sr. Tony Clement obter uma, conforme noticiou o Toronto Star.
Nesta medida qualquer neur�tico, a que pense que tem uma doen�a s�ria, poder� ir � Resson�ncia Magn�tica com a facilidade que vai ao barbeiro, tirando a vez a pessoas que realmente precisam do teste.
Esta situa��o que tem sido objecto de muitas cr�ticas, j� chegou ao conhecimento do College of Phisicians and surgeons of Ont�rio, que regula a profiss�o m�dica nesta prov�ncia, que afirmou que ser� necess�rio uma carta de um m�dico para obter este teste. Infelizmente, n�o � dificil de imaginar que alguns m�dicos, com menos escr�pulos, para agradar ao fregu�s, venham a escrever as tais cartas, tanto mais, que uma vez que estas cl�nicas estar�o fora do OHIP, ser� dif�cil controlar o seu funcionamento.
Concluindo
Estamos a presenciar, a destrui��o lenta do nosso sistema m�dico, que at� agora, trata de todos, ricos, pobres ou remediados, da mesma maneira.
Na minha opini�o, o servi�o de sa�de n�o deve ser como um supermercado, em que todos os que podem comprar bifes e os que n�o t�m, se contentam com carne de guisar ou fazer hamburguers e alm�ndegas.
A medicina dever� ser como os servi�os de inc�ndio. Quando a nossa casa est� a arder, chamamos os bombeiros que s�o os mesmos para o rico e o pobre, e levam o mesmo tempo a chegar � porta do milion�rio que daquele que est� na assist�ncia social.
Com a aproxima��o das elei��es na prov�ncia do Ont�rio, devemos apoiar aqueles candidatos que pertencem aos partidos que defendem o nosso sistema de sa�de. At� aqueles luso-canadianos, que n�o podem votar por n�o se terem naturalizado canadianos, uma vez que adoecem como os outros, dever�o participar na campanha eleitoral, contribuindo financeiramente, indo a reuni�es, batendo �s portas, ajudando os candidatos, convencendo os amigos, enfim fazendo alguma coisa.
A Sa�de � muito importante, para se transformar num neg�cio como aquele em que uns compram carne de bife e outros daquela com que se fazem hamburguers.


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Toronto,
4/Agosto/2003
Edi��o 792

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira

   

   


 

 

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