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ELEI��ES � PORTA
N�o h� ningu�m nesta provincia cuja vida n�o possa ser afectada pelas elei��es para o governo do Ont�rio.Uma boa raz�o, para debatermos o assunto, esta semana.

Como � do conhecimento geral, no dia 2 de Outubro ir-se-�o realizar no Ont�rio, elei��es para o governo desta prov�ncia. O primeiro Ministro Conservador, Sr. Ernie Eves, tendo verificado, que a sua popularidade continuava a descer, conforme mostravam as sondagens da opini�o p�blica, decidiu-se a convocar uma elei��o que na opini�o da maioria dos comentadores pol�ticos, ir� conduzir � derrota do seu partido.

Os resultados destas elei��es, para eleger os homens e mulheres que ir�o governar o Ont�rio, devem interessar a todos n�s que vivemos nesta prov�ncia e at� nas outras partes do Canad�, uma vez que estamos na regi�o com maior popula��o e poder econ�mico da na��o.

Cidad�os canadianos, emigrantes, �refugiados�, ou at� residentes ilegais, todos os que est�o a ler este artigo ser�o atingidos pelos resultados destas elei��es.

Nesta medida, � de admirar, que ainda existam pessoas que se querem alhear deste acontecimento como se fosse poss�vel, viver no Ont�rio, e n�o ser atingido pelos resultados desta elei��o. Pensar que � poss�vel, fugir aos resultados do pr�ximo acto eleitoral, � como acreditar, que podemos fugir � neve e ao frio, que dentro de tr�s ou quatro meses chegar�o ao Ont�rio.

UM DESCRENTE

Infelizmente, e mais adiante explicarei a raz�o porque uso esta palavra, ainda h� muita gente neste pa�s, tanto de origem portuguesa, como de outros grupos �tnicos incluindo aquele a que chamam os �canadianos� que se alheiam do acto eleitoral, n�o se envolvendo nele e at� tomando uma atitude de que "n�o vale a pena votar".

Ontem encontrei no caf�, um compatriota nosso, pessoa bastante culta e inteligente, mas bastante desinteressada no processo pol�tico, o qual quando lhe perguntei o que pensava das elei��es, me disse que isso n�o o interessava. As raz�es que ele dava para o seu alheamento do acto eleitoral eram que nem sequer era cidad�o canadiano, e pensava que nada �a acontecer que o atingisse. Tamb�m, na opini�o dele, nenhum dos candidatos luso-canadianos estava � altura de �defender os portugueses�.

Como o nosso compatriota � uma pessoa inteligente, daquelas com quem se pode debater um assunto duma maneira civilizada e l�gica, tentei convenc�-lo que a sua opini�o estava errada. Como alguns dos argumentos, s�o, na minha opini�o de interesse para todos n�s, o nosso debate ser� o assunto da nossa coluna desta semana.

UM GOVERNO CATASTR�FICO

Costuma-se dizer, que no Canad�, o p�blico n�o �elege governos�, mas deita abaixo os que est�o no poder, quando se cansa deles. Na realidade, se o povo do Ont�rio ainda n�o est� cansado com os governos conservadores do Sr. Mike Harris, a quem se seguiu o do Sr. Ernie Eves, � caso para dizer que t�m uma paci�ncia de santo.

Como � sabido, Mike Harris quando atingiu a segunda metade do seu �ltimo mandato, tinha-se tornado t�o inpopular, que foi for�ado a demitir-se. Substitu�do por Ernie Eves, que tinha sido o seu bra�o direito durante os seis anos que esteve no poder, as coisas ainda pioraram.

Na realidade, este senhor revelou-se ainda pior, na medida que embora mantendo a linha pol�tica do seu ante-cessor revelou uma falta de lideran�a impressionante.

Decidido a manter o poder a todo o custo, Ernie Eves tem mudado de opini�o a todo o momento, um verdadeiro catavento pol�tico. O homem afirma uma coisa hoje para se contradizer amanh�, a ponto que at� alguns comentadores pol�ticos de ideologia conservadora como Margaret Wente do Globe and Mail e um editorial deste mesmo jornal, afirmarem que ele n�o tem capacidade para ser um l�der.

Voltando ao nosso compatriota descrente, tentei demonstrar-lhe como em certas �reas da administra��o, os governos conservadores de Mike Harris e Ernie Eves tinham tomado medidas que afectaram a vida de todos n�s, que residimos no Ont�rio.

ELECTRICIDADE

Desde que os conservadores chegaram ao poder, t�m-se preocupado em privatizar a companhia da electricidade da prov�ncia a �Ont�rio Hydro�. Vendendo aquilo que pertence a todos n�s, criaram uma situa��o em que as empresas privadas aumentaram o pre�o da electricidade de 4,3 centimos por Kilowatt � hora para 5,6 em 6 meses. Aflito, com a reac��o do p�blico, o Sr. Eves, veio com uma solu��o como chama o nosso povo, �pior a emenda que o soneto�. Como n�o podia, comprar as companhias que agora s�o donas da nossa electricidade, resolveu subsidiar o pre�o da electricidade, para manter o custo do Kilowatt a 4,3 centimos at� ao ano 2006. Claro que esse dinheiro vem dos cofres do estado que � como quem diz da algibeira de todos n�s.

O nosso compatriota, que julga que o governo que est� no poder n�o � um assunto importante, concerteza que sofreu os efeitos da falta da electricidade que atingiu a cidade de Toronto e grande parte da prov�ncia do Ont�rio. Embora tudo leve a crer que o problema come�ou com um acidente e a incompet�ncia, dos servi�os de electricidade do estado americano de Oregon, a fragilidade do nosso sistema n�o foi capaz de reagir e manter os servi�os a funcionar. Uma rede el�ctrica, antiquada, ignorada pelos governos conservadores dos �ltimos oito anos, originou a falta de electricidade que todos sofremos. Se nada se fizer, estamos expostos a outro �apag�o� como lhe chamam os nossos irm�os brasileiros.

FINAN�AS

Os governos conservadores, t�m procurado comprar os votos dos eleitores, com cortes nos impostos. Uma vez que o dinheiro n�o cai do c�u, eles tiveram que cortar na sa�de, educa��o, servi�os sociais e ambiente. Este ano vamos ter um d�ficit de 4 bili�es de d�lares!

AMBIENTE

Os conservadores, cortaram de uma forma dr�stica as despesas com o ambiente. Uma das consequ�ncias foi a trag�dia de Walkerton aonde dezenas de pessoas morreram ou ficaram s�riamente doentes devido � m� qualidade da �gua, causada por falta de fiscaliza��o por car�ncia de pessoal e a entrega ao sector privado dum servi�o que deve ser p�blico. A descri��o dos estragos feitos ao ambiente pelos governos conservadores desta prov�ncia, dava para um artigo completo.

SA�DE

Quando veio o surto do S.A.R.S. (S.R.A. em portugu�s), o Primeiro Ministro Sr. Eves foi de f�rias. Esta doen�a veio mostrar como os servi�os de sa�de est�o a trabalhar no seu limite, e apenas o esfor�o her�ico de muitos trabalhadores de sa�de nos salvaram duma cat�strofe.

Qualquer habitante desta prov�ncia, sabe bem como os servi�os de sa�de desta prov�ncia, t�m piorado, desde que os conservadores tomaram conta do poder.

O nosso compatriota, que n�o acredita nas elei��es, poder� como qualquer de n�s ir parar ao hospital em qualquer momento...

CIDADES

Os conservadores, dirigidos por um pol�tico provinciano, do norte do Ont�rio, sempre embirraram com as cidades como Toronto e Mississauga, onde por sinal est� a maioria da riqueza da prov�ncia.

O governo conservador, deixou de pagar para muitos servi�os que hoje t�m de ser custeados pelas cidades. A cidade de Toronto tem agora de gastar cerca de 163 milh�es por ano, para compensar os cortes feitos pelos conservadores. Buracos na rua, lixo por apanhar, pobreza, engarrafamentos no tr�nsito, s�o coisas que nos afectam a todos. As coisas atingiram um ponto em que o Presidente da C�mara de Mississauga Hazel McCallion, que � conservadora, perdeu a paci�ncia com os seus correlegion�rios: criticou o governo do Ont�rio por ter convocado uma elei��o e aconselhou os eleitores a n�o votarem pela linha partid�ria.

EDUCA��O

Algumas das ideias dos conservadores, pareciam ao princ�pio fazer sentido, como a exist�ncia de exames provinciais. No entanto, o governo come�ou a cortar nas verbas para a educa��o e em guerra com os professores. A m� administra��o dos governos conservadores desta prov�ncia est� a destruir o sistema de ensino.

Ao mesmo tempo, os conservadores est�o a tomar medidas de ajuda ao ensino privado, para ao qual apenas os mais abastados poder�o mandar os filhos.

Este pequeno resumo das actividades dos governos conservadores na Prov�ncia do Ont�rio, mostra bem como todos somos atingidos pela sua incompet�ncia e desejo de favorecer os mais abastados, embora n�o possamos deixar de mencionar o esc�ndalo que � o pre�o dos seguros para os autom�veis, que continuam a aumentar, sem que nada se tenha feito para resolver o problema.

SEM PODER VOTAR

Infelizmente, muitos portugueses n�o t�m o direito a votar. N�o irei hoje abordar mais uma vez, as implica��es que isso tem para a comunidade, mas n�o � demais insistir que s� temos a ganhar em mostrar aos outros habitantes deste pa�s, que somos capazes de usar a for�a do nosso voto.

J� � tarde para aqueles que n�o t�m a cidadania canadiana a conseguirem obter. No entanto, h� outras maneiras de participar desde suporte financeiramente at� �s muitas formas de trabalho volunt�rio, que est�o envolvidas numa campanha eleitoral. Mesmo os que n�o possam votar, mos-remos pelo menos que estamos interessados e que somos uma for�a pol�tica.

E OS "REPRESENTANTES"?

N�o h� nada mais irritante do que ouvir pessoas a falar de luso-canadianos, que v�o �representar� os portugueses, nos diversos org�os governamentais.

Em primeiro lugar, eles s�o eleitos por todos os eleitores dum c�rculo eleitoral e n�o apenas pelos portugueses que t�m cidadania canadiana. Diga-se de passagem, que nem sequer h� um c�rculo eleitoral em que os luso-canadianos sejam a maioria dos votantes.

Por outro lado, as elei��es s�o para escolher um partido e um l�der. Na maioria das vota��es no Parlamento, os deputados t�m de seguir a linha partid�ria, e actuar como o l�der e o partido lhes mandam.

Um deputado que fosse para o parlamento actuar como representante dos portugueses, seria ferozmente criticado pelos media, e arriscava-se a ser expulso do grupo parlamentar a que pertence.

Actuar como "portugu�s" em vez de "canadiano" seria um verdadeiro suic�dio pol�tico.

Ainda me lembro do caso dum deputado que pertenceu ao governo NDP de Bob Rae, que perdeu o seu cargo, porque ao que se dizia, ele estava a favorecer o grupo �tnico de que fazia parte. Deixemos-nos pois de demagogias baratas. � �til para a comunidade, que existam portugueses no parlamento �que sorte que t�m os luso-canadianos do c�rculo que de Mississauga Leste que t�m dois dos nossos a concorrer� mas n�o tenhamos ilus�es ou ideias erradas, sobre as fun��es e o poder que um deputado tem no parlamento. Eles s�o eleitos para representar todos os cidad�os do seu c�rculo eleitoral. Acreditar que eles est�o l� para nos representar, revela desconhecimento do sistema pol�tico do Canad�.

Isto n�o quer dizer de forma alguma que n�o � importante que existam portugueses em lugares de destaque sejam eles na pol�tica, ci�ncia, neg�cios, igreja, justi�a, universidades, sindicatos, for�as armadas, pol�cias ou outros. Eu pr�prio, fiquei bastante orgulhoso e contente quando Carlos de Faria, obteve o lugar de ministro, no governo de Ernie Eves. Tratava-se do partido �errado�, mas era um portugu�s. A partir da�, aproveitei todas as oportunidades para dizer aos meus colegas e amigos de outras origens �tnicas, que o novo ministro era um luso-canadiano.

Conclu�ndo, devo dizer que n�o consegui convencer o nosso compatriota a interessar-se pelas elei��es. Espero que pelo menos, tenha dado uma contribui��o ao debate dum assunto, que interessa a todos n�s.



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Toronto,
8/Setembro/2003
Edi��o 795

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira

   

   


 

 

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