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ESTAREMOS TODOS CEGOS?


A pesca � albacora de "Salto e Vara", j� se pratica nestas paragens h� mais de cinquenta anos. Durante o Inverno e in�cio da Primavera preparam-se as varas que s�o cortadas e fornecidas pela �rvore de fruto - o ara�aleiro - e na ponta � estorvado um anzol numa linha de seda forte, onde � colocada a isca viva preferencialmente o chicharro e na falta a sardinha. Desde que chegou ao Porto das Lajes o Carlos Norberto, - um barco de boca aberta a motor, j� de bom tamanho comparado com os barcos de pesca do tempo - , deu-se in�cio � pesca do atum.

Mas, antes de prosseguir anoto que havia tamb�m a ca�a � baleia que trazia alguns proventos para o lugar e este pequeno atuneiro tamb�m uma vez se envolveu numa ca�ada. O epis�dio que passarei a descrever foi-me contado pelo Sr. Jaime Soares. "Certo dia as canoas arriaram a duas baleias grandes. Sa�ram todos os botes, mas ficou atr�s o Coco Vermelho, bote j� pouco utilizado. Entretanto uma das baleias saiu em direc��o � terra e estava t�o perto dela que entusiasmaram-se alguns antigos baleeiros, arriaram o referido bote Coco Vermelho que levou como oficial o Ti Garcia e foram rebocados pelo Carlos Norberto at� ao local onde se encontrava a baleia tola de mansa � espera de ser arpoada. Depois de a ca�arem trouxeram-na para dentro da lagoa e quando os outros botes regressaram da faina com a outra baleia, ficaram espantados por encontrarem outra baleia tamb�m morta j� dentro da Lagoa � espera de ser derretida".

Esta embarca��o, o Carlos Norberto, tipo de batel�o com motor, mas sem qualquer protec��o para a tripula��o fora adquirida para o efeito pelo Sr. Antunes, na Ilha da Madeira e a partir de ent�o desenvolveu-se esta actividade industrial, que consigo fez florescer a Vila Lajense tendo paralelamente constru�do no lugar da Ribeira do Meio das Lajes do Pico a f�brica da Empresa de Conservas do Pico Lda.. Era este tipo de arte de pesca o mais f�cil de executar, mas tamb�m o mais trabalhoso, mas menos oneroso para o armador e sempre assim perdurou at� aos nossos dias. Lembro-me que os primeiros pescadores eram da Ilha da Madeira e que ca�avam cagarras para comerem e alojaram-se nos baixos da casa do Sr. Francisco �vila, casado com a D. In�cia. Naquele tempo era um pouco desusado tal ca�a entre os Picoenses, mas muitos madeirenses apanhavam-nas e secavam-nas ao sol durante o Ver�o para serem vendidas no Inverno nos seus povoados e recordo por me terem dito, que eram vendidas a sete escudos o par. Se a mem�ria n�o � curta, s�o muitos os naturais desta terra mas que agora s�o residentes nesse Pa�s.

Que se lembrar�o de certo, do desenvolvimento que esta Vila conheceu nessa altura e como dum dia para o outro morreu e porque tal aconteceu, mas como � assunto demasiado meticuloso e � trabalho que ficar� para os historiadores, que n�o eu, porque n�o tenho forma��o acad�mica para dissertar sobre esta mat�ria demasiado sens�vel e chocante ainda, algu�m um dia escrever�, espero, toda a verdade apontando a dedo todos os intervenientes na destrui��o duma Empresa que durante alguns anos foi o sustento de muitas fam�lias. Depois de divagar um pouco e porque o assunto do par�grafo anterior n�o era para aqui agora chamado apesar de ser premente, mas interligava-se, transcrevo com a devida v�nia o texto do Correio da Horta, para depois formular um coment�rio. Refere-se o extracto do texto a um certificado distinguindo os pescadores da pesca do atum dos A�ores, como OS AMIGOS DO MAR e passo a transcrever: "A emiss�o do certificado segue-se a inqu�ritos detalhados sobre todo o processo de pesca e transforma��o, os quais ter�o de garantir que a actividade n�o explora recursos em excesso nem prejudica o ecossistema". Trata-se da primeira pescaria distinguida a n�vel mundial com o certificado de "friend of the sea", do Earth Island Institut, uma organiza��o n�o governamental igualmente respons�vel pelos certificados "Dolphin Save".

A pesca de tun�deos � uma das principais actividades da frota pesqueira a�oriana, chegando a render em anos de boas pescarias mais de 10 mil toneladas/ano". Segundo consta, para ser concedido tal certificado, foram feitos inqu�ritos e gastos rios de dinheiro para ser atribu�do tal galard�o e parecer� aos menos atentos que o que antes se fazia era a destrui��o pura e simples dos ecossistemas?! Essa destrui��o se a houve, nunca foi efectuada por n�s, mas por outras frotas que deveriam ser inquiridas e melhor fiscalizadas. Portugal como parente pobre da Europa est� condicionado e amorda�ado pelas pot�ncias pesqueiras europeias, casos da Espanha, Fran�a e Inglaterra que ditam as leis a seu bel-prazer.

Outro assunto � o que diz respeito � destrui��o - ou � serrada a popa ou a proa - dos atuneiros, cuja constru��o foi subsidiada pelos cofres comunit�rios, para n�o fazerem frente �s grandes empresas que exploram este mister. Mas o que � mais vergonhoso ainda � que os barcos de albacora que s�o abatidos, s�o novamente subsidiados pelos dinheiros dos cofres da Comunidade Europeia. � de pasmar, mas � assim mesmo!

De novo e regressando � palavra pomposamente usada de ecossistema, nenhum destes pa�ses faz o mais pequeno esfor�o para preservar fora de portas o que quer que seja, porque a for�a econ�mica � que dita as leis e eles s�o os maiores. Outra frase refere-se aos anos de boa pescaria, que renderam mais de 10 mil toneladas. Pudera! Quando est�vamos s�s, pescando nos nossos bancos de pesca, - conhe�o pelo menos tr�s, n�o sei se h� mais nos A�ores - aconteciam as grandes pescas, mas assim que passaram a frequentar as nossas �guas os atuneiros de maior calado e mais velozes que as "Patrulhas" de guerra da armada, a� come�ou o decl�nio das capturas, porque a arte de pesca n�o era a de "Salto e Vara" mas sim redes pr�prias com muitas centenas de metros de comprimento que capturavam tudo o que ia � rede e como era peixe servia para ser comercializado. Ofereceram um rebu�ado envenenado, camuflado com um t�tulo de AMIGO DO MAR aos nossos homens do mar que assim s�o "candidamente" espoliados.

N�o sou contra tal distin��o, mas ser� que a quebra nas capturas, vem trazer mais proventos para os nossos pescadores, que pouco se importam com o acima t�o badalado certificado? J� � tempo dos governantes deste pa�s acordarem e verem quem est� � sua beira e deixar de olhar s� para o seu umbigo. � que esses Governantes contentaram-se com as 100 milhas mendigadas, porque e como consta no acordo redigido e negociado unilateralmente pelos magnates da pesca, as embarca��es que j� pescavam neste espa�o continuar�o a faz�-lo, mas agora �s claras e sem sobressaltos. Importou-se o Governo em contabilizar as embarca��es e identificar quais os seus pa�ses de origem? Confiemos novamente na honestidade dos "lobos vestidos com pele de cordeiro" e depois esperem para ver o tombo que levam! E quem paga sempre a factura � o Z� Povinho, porque n�o tem voz nem gente � altura para defender os seus direitos!

Quando � que acabar� todo este regabofe? N�o o saberemos nunca...!?

At� para a semana se...Deus quiser!




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Toronto,
20/Outubro/2003
Edi��o 801

ANO XXIII

    Por: Paulo Lu�s �vila

 


 

 

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