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C�MARA DE TORONTO E O PARTIDO LIBERAL MUDAM DE DIREC��O
Na semana passada, com a elei��o de David Miller para presidente da C�mara, e Paul Martin para l�der do partido liberal � caso para dizer que Toronto virou � esquerda e o governo federal do Canad�, para a direita. Trata-se de mudan�as, que nos poder�o atingir a todos.

Esta foi uma semana em que muito se falou de pol�tica. Uma vez que estas mudan�as, t�m possibilidades de alterar alguns aspectos ess�nciais na nossa vida, desde a limpeza na cidade de Toronto e ao tr�nsito nas suas ruas, at� aos servi�os de sa�de ou o valor do d�lar. Iremos dedicar esta coluna a este assunto. Mais uma vez, n�s os habitantes deste pa�s, iremos quer queiramos ou n�o ser influ�nciados na nossa vida pessoal, pelos acontecimentos pol�ticos, no Canad�.

O CENTRO DO PA�S.

Qualquer habitante do Canad�, viva ele na College Street em Toronto, na Mavis em Mississauga ou at� na Co-lumbia Brit�nica ou na Alberta, � influenciado pelo que se passa na cidade de Toronto. Na realidade, por cada d�lar do rendimento nacional, mais de vinte e cinco c�ntimos, s�o produzidos em Toronto aonde est� a maior bolsa do pa�s e as sedes dos maiores bancos e institui��es financeiras. A elei��o do Presidente da C�mara, para substituir Mel Lastman, um sujeito que n�o tinha categoria para ser regedor da freguesia mais pequena e atrazada do Canad� ou de Portugal, foi uma luta pol�tica interessante, em que se debateram assuntos essenciais e de import�ncia para a popula��o, em vez duma campanha eleitoral � americana em que quem ganha � o candidato com melhores an�ncios, uns dentes mais brancos ou os m�sculos maiores, como sucedeu recentemente na Calif�rnia em que um actor de terceira categoria, que ganha o seu dinheiro a fazer filmes violentos e imo-rais, foi eleito o governador do maior estado dos E.U.
Em Toronto, assistimos a uma verdadeira campanha pol�tica, em que se debateram os assuntos. Pessoalmente, pela primeira vez, em 25 anos como votante no Canad�, mudei a minha opini�o, durante a campanha eleitoral.Tendo come�ado por apoiar Bar-bara Hall, estive no lan�amento da sua campanha no cinema Paramount, acreditei que ela seria o l�der que a cidade de Toronto necessitava.
Nessa altura David Miller, parecia um esquerdista a querer dividir o voto progressista e assim favorecer os candidatos suportados pela alta finan�a, como John Tory.
Infelizmente os meses passaram e Barbara Hall revelou falta de esp�rito de lideran�a, n�o tomou po-si��o em nenhum dos assuntos s�rios sociais da cida-de e o que � pior aliou-se com os financeiros que querem construir um aeroporto na ilha em plena baixa da cidade e fazer os avi�es de jacto voarem � frente da janela da sala em que estou a escrever. Esta ideia disparatada, rejeitada por cidades como T�quio, Chicago, Amesterd�o e outras, acabou com o meu apoio pela Sr. Hall, e foi refor�ada pelas cr�ticas de dois colunistas que muito respeito, Landsberg no Toronto Star e John Barber no Globe and Mail.
No fim, uma vit�ria para a esquerda com David Miller com 44% (285.286 votos), John Tory com 38% (250.960) e Barbara Hall com um distante terceiro lugar a 9%. Quanto a Nunziata e Jacobeck, mais dois candidatos das direitas com 5% e 1%, n�o tiveram suficiente apoio popular. Luis Silva, um luso-canadiano que foi uma das 44 pessoas que concorreram ao lugar, obteve 1.078 votos.
Embora, os vereadores e o presidente da c�mara n�o sejam eleitos em nome dos partidos pol�ticos, � evidente que duma maneira geral, houve uma viragem para a esquerda no eleitorado, come�ando pela elei��o de David Miller, um membro do NDP e a elei��o de v�rios simpatizantes deste partido ou da ala esquerda do partido liberal, para vencedores.
Essa onda de esquerda, veio infelizmente atingir, um excelente candidato, com ideias progressivas, inteligente e at� um membro do partido socialista portugu�s, a nossa Ana Bail�o. Este candidato, o qual apoiei, tinha recebido a classifica��o de A+ pelo grupo de artistas de Toronto e pela Alian�a pelo Ambiente, duas organiza��es progressistas desta cidade. Infelizmente, o facto de ter sido assistente de M�rio Silva que, ao que me parece injustamente, teria ganho a reputa��o de estar muito envolvido com a alta finan�a e tomar posi��es de direita na Assembleia Municipal, prejudicou-a e levou-a a ser rejeitada pela revista semanal Now e outros grupos de esquerda.
Adam Giambrone, que tinha sido derrotado por M�rio Silva na elei��o anterior, por uma pequena margem, recebera o apoio de "Labour Council" (org�o de cupula do movimento sindical de Toronto) e tinha trabalhado arduamente naquele bairro, veio derrotar Ana Bail�o. Alguns comentadores, sugerem que mesmo M�rio Silva, o qual tamb�m teve o meu apoio, teria dificuldade em vencer contra Adam Giambrone que tinha o suporte do NDP. Seja como f�r, fa�o votos que Ana Bail�o, ou no bairro 18 ou noutro lado, venha a concorrer outra vez. Ela � uma jovem com grandes qualidades, que muito poder� honrar a comunidade luso-canadiana e o pa�s que escolheu. Coragem Ana, n�o desistas, n�s os luso-canadianos esperamos muito de ti! Enfim � pena, que pela primeira vez em quase 12 anos, n�o exista um autarca luso-canadiano, na cidade de Toronto, para receber os nossos compatriotas que nos visitam.

O QUE � O "MAYOR"

A elei��o de David Miller, um advogado brilhante, que se formou em economia numa das universidades mais prestigiosas do mundo, Harvard, com a nota m�xima magna cun laud, que h� oito anos deixou uma das maiores empresas de advogados na famosa Bay Street a Aird & Bertis para concorrer como vereador, aonde deve ganhar cerca de 5 ou 6 vezes menos, � uma esperan�a para a cidade de Toronto. Com boas rela��es nos meios financeiros e pol�ticos de Toronto, como o advogado e empres�rio Tom Kierans, o arquitecto Jack Diamond e Peter Do-nulo que foi o chefe de rela��es p�blicas de Jean Chr�tien, David Miller oferece a todos n�s, que vivemos em Toronto ou que de certo modo estamos ligados ao desenvolvimento e prosperidade desta cidade, que s�o afinal todos os que habitam o Ont�rio ou at� o Canad�, a esperan�a de algu�m que ir� trabalhar para "limpar" a c�mara municipal de inefici�ncia e corrup��o e tentar resolver os problemas que est�o lentamente a destruir esta cidade. Depois dum palha�o como Mel Las-tman - n�o me irei alongar contando mais uma vez como me senti envergonhado com o seu comportamento quando, com ele fui � abertura da Expo em Lisboa - � altura de termos um pre-sidente de c�mara ao n�vel de uma cidade como Toronto.
� no entanto importante notar, que no nosso sistema o Presidente da C�mara, embora com o t�tulo de Mayor, apenas tem um voto na assembleia, e ter� de trabalhar em conjunto com os outros ve-readores. Felizmente, com um ter�o de novos vereadores eleitos, e com uma maioria deles com ideias progressivas e modernas, � de esperar que com a lideran�a de David Miller, a cidade de Toronto, volte a desenvolver-se e a progredir. Finalmente temos um presidente da c�mara de que n�o nos envergonhamos quando algum estrangeiro nos visitar.

DEMOCRACIA � CHINESA

O actual l�der da China, nomeado no �ltimo congresso do Partido Comunista chin�s n�o foi de forma alguma uma surpresa ou teve que concorrer contra outros candidatos. Durante os �ltimos anos, os estudiosos da pol�tica chinesa notaram que o futuro l�der, come�ara a lentamente a mobilizar aliados nas diversas estruturas do partido, de forma que quando chegou a altura da elei��o apenas existia um pretendente ao lugar, j� conhecido pelo m�dia chin�s e at� estrangeiro. A elei��o do novo l�der do partido liberal do Canad�, que autom�ticamente tomar� a posi��o de Primeiro Ministro da Na��o, passou por um processo semelhante.
Desde que no ano 1990, o Sr. Paul Martin por sinal filho de um antigo ministro liberal, apesar de ter tentado nunca conseguiu ser primeiro ministro, foi derrotado pelo l�der do partido liberal at� � semana passada Jean Chr�tien, que o Sr. Martin tem estado a arranjar preparar a sua ascen��o ao poder. Diga-se de passagem que desde esse tempo eles se come�aram a detestar. Paul Martin filho dum ministro, bilingue, falando ingl�s e franc�s correctamente, tendo frequentado as melhores escolas e universidades n�o admitia que um advogado, formado numa pequena universidade do Quebeque incapaz de se exprimir bem em ingl�s, alguns dizem que at� esse franc�s, lhe roubasse o lugar que ele julgava pertencer-lhe. Por outro lado Jean Chr�tien um homem agressivo e at� violento, que o diga o pobre do manifestante a quem ele epretou o pesco�o ou o advogado que ele espancou antes de ter entrado na pol�tica odiava Paul Martin, por lhe querer tirar o lugar a quem ele julgava ter o direito depois de durante muitos anos ter servido Pierre Trudeau. Desde essa altura eles se detestaram. Ajudado pelas contribui��es financeiras de muitos membros da alta finan�a - o Sr. Paul Martin al�m de pol�tico tamb�m � milion�rio e ex-dono duma das maiores empresas de transportes mar�timos da na��o - ele tem pouco a pouco infiltrado as organiza��es do partido liberal neste pa�s, num processo que durou 13 anos.
Depois de ganhar por duas vezes as elei��es, era de esperar que Jean Chr�tien segundo a tradi��o canadiana, se demitisse, para dar lugar a outra pessoa para governar o pa�s. Sucede por�m que Jean Chr�tien, tem uma caracter�stica t�pica de Ant�nio de Oliveira Salazar, isto � n�o querer abandonar o poder. Desta maneira, depois de ganhar duas vezes a� foi ele para uma terceira elei��o, no ano 2000. Entretanto, o Sr. Paul Martin, lan�ou uma campanha habilidosa nos m�dia para convencer o p�blico que Jean Chr�tien j� c� estava h� muito tempo e que era a altura de lhe darem uma oportunidade, tanto mais que o seu pai n�o conseguira ser primeiro ministro. Com a possibilidade duma conven��o para escolher o novo l�der alguns ministros como Allan Rack, John Manley e Sheila Copps, ainda tentaram iniciar uma campanha para a lideran�a do partido, mas verificaram que por essa altura Paul Martin j� tenha milh�es de d�lares de contribui��es e praticamente tomado conta de quase todas as organiza��es dos c�rculos eleitorais (riding associations). Dessa maneira, o pobre Jean Chr�tien, viu-se derepente sem apoio, com o ch�o minado debaixo dos p�s e teve de muita m� vontade de declarar que se demitiria.
No momento em que estou a escrever, Mr. Jean Chr�tien j� se despediu num discurso em que se elogiou a ele pr�prio, ignorou o trabalho de Paul Martin que foi ministro das finan�as que acabou com os d�ficits e n�o teve uma palavra am�vel para o seu sucessor.
Em entrevistas a v�rios jornais e � CBC, ele evitou sempre mencionar o nome de Paul Martin. Este �dio de Jean Chr�tien pelo seu sucessor, foi notada por v�rios comentadores pol�ticos como John Ibbitson no Globe and Mail, que declarou que a festa de despedida, fora estragada pela atitude do Primeiro Ministro em rela��o ao seu sucessor.
Paul Martin, um pol�tico muito mais � direita do que Jean Chr�tien, ir� poss�velmente mudar muito da pol�tica interna e at� externa, do pa�s especialmente no que se refere �s rela��es com os Estados Unidos.
Uma coisa positiva da plataforma de Paul Martin, que at� agora pouco tem falado dos seus planos futuros � o de estabelecer maior democracia dentro do grupo parlamentar e do partido liberal.
Conforme disse noutro artigo, o Primeiro Ministro do Canad�, � um "ditador" eleito de 4 em 4 anos e a maioria dos deputados que n�o t�m assento no gabinete de ministros, os chamados "backbenchers", porque se sentam nas bancadas das �ltimas filas, n�o t�m poder nenhum e apenas se limitam a votar, seguindo as instru��es do chefe do grupo parlamentar a que se chama muito a prop�sito "whip" (chicote). Umas outras ideias de Paul Martin, com as quais estou absolutamente de acordo, � a sua int�n��o de conseguir que no Parlamento existam 52% de mulheres deputados, representando assim a popula��o do pa�s, melhorar as rela��es com as prov�ncias, defender o nosso sistema de sa�de e ajudar mais as cidades aonde afinal vivem a maioria dos canadianos.
No momento em que este jornal chegar �s m�os do leitor ou leitora, Mr. Paul Martin ter� sido eleito por cerca de 99% dos votos, o �nico candidato que resta Sheila Copps � apenas simb�lico, sem qualquer debate s�rio ou um processo de escolha democr�tica.

Democracia � moda chinesa no Canad�...
Comparada com o debate, e o longo processo eleitoral que levou � elei��o de David Miller para Presidente da C�mara de Toronto o processo para a escolha do Primeiro Ministro do Canad� � uma farsa, semelhante ao que se passou na China e acontecia na Uni�o Sovi�tica e democracias populares, das quais t�o mal se falava. Bem ou mal, eleitos oxal� que David Miller e Paul Martin consigam desempenhar a dif�cil tarefa para que foram escolhidos, para bem do Canad� e de todos n�s que c� vivemos.



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Toronto,
17/Novembro/2003
Edi��o 805

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira

   

   


 

 

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