LEIA
 � PEDRAS
   E INSTITUI��ES
 � PEIXE A ALTO PRE�O
 � Capturas
   de pescado/A�ores
 � Milho gen�tico
 � GNR de S�o Miguel
    cumpre miss�o
   em Nassiriyah
 � Nos A�ores o valor
  das casa subiu 68%
   nos �ltimos 4 anos
 � EM OFF
 � Inaugura��o
   do Bessa Sec. XXI
 � CR�NICA PICOENSE
 � Edi��es Anteriores
 
PEDRAS E INSTITUI��ES
Erigir monumentos, � uma boa maneira de assinalar a nossa presen�a, neste pa�s. Por�m nos tempos que correm e numa sociedade moderna, h� coisas mais importantes que as pedras, que se usavam no passado, para marcar a nossa presen�a.

Assinalar a sua presen�a, � uma daquelas tend�ncias que s�o comuns a todos os seres humanos. Ainda me lembro que quando era mi�do, �a mais outros companheiros da minha idade, com grande ofensa da minha av� que tinha a mania das "finuras", para a Quinta dos Peixinhos, uma �rea de "floresta virgem", no meio da cidade de Lisboa, em que n�s meninos citadinos, pod�amos ter contacto com a natureza, e correr pelos campos, trepar �s �rvores e atirar pedras aos coelhos, em quem nunca acert�vamos. Nesse para�so rural, n�s constru�mos com bocados de madeira, aquilo que apelid�mos dum forte, esp�cie de padr�o para assinalar a nossa presen�a. Tamb�m grav�vamos, �s escondidas, as nossas iniciais nos bancos dos jardins e ainda h� poucos anos descobri no miradouro da Senhora do Monte as iniciais M.T.B.F., que correspondem ao meu nome completo.
A maioria das culturas humanas, t�m erguido monumentos a assinalar a sua presen�a desde as piramides do Egipto aos inukshuks dos inuit (esquim�s) e as colunas dos t�temes, feitas pelos �ndios da costa oeste do Canad�.
Tamb�m os nossos antepassados, como todos sa-bem, durante as descobertas, erigiram por esse mundo fora, padr�es a assinalar a sua presen�a nas terras que tinham descoberto.
Talvez por causa desses padr�es das descobertas, a nossa gente, como fez notar o professor David Higgs da Universidade de Toronto, um estudioso muito perspicaz da comunidade portuguesa no Canad�, tem a tend�ncia de erigir monumentos por todos os la-dos, em vez como sucede na maioria das sociedades modernas, criar institui��es para comemorar e assinalar a sua presen�a no s�tio aonde est�o.

PEDRAS E MAIS PEDRAS

Em Toronto, que eu me lembre temos um padr�o de descobrimentos, j� inugurado tr�s vezes - quando foi colocado na posi��o original, mudado para a sua presente localiza��o e com as melhorias recentes o qual est� � espera de mais uma cerim�nia, quando finalmente vierem os calceteiros de Portugal, para completar a obra.
Na College, no edif�cio aonde est� situada a sede da First Portuguese, existem tr�s monumentos entre os quais uma est�tua de Cam�es, que tamb�m foi inaugurada tr�s vezes. N�o muito longe na Dundas Street, existe mais uma pedra, para comemorar a visita do Presidente Jorge Sampaio. Um pouco mais para Este, na esta��o do metropolitano de Queen's Park est� mais um monumento, comemorando a presen�a portuguesa no Canad�. Como se n�o chegas-sem estes monumentos, ao que li nos jornais, existe mais um, desta vez em Mississauga!
Antes de ir mais longe, devo esclarecer, que o que estou a descrever n�o � uma cr�tica ao que se tem feito, mas o reconhecimento dum facto, tanto mais que com excep��o de dois, eu estive envolvido nos comit�s que erigiram estes monumentos ou procederam �s suas m�ltiplas inaugura��es.
Assim, tamb�m eu sou respons�vel por esta abund�ncia de monumentos na nossa comunidade.
Nesta medida, se j� h� monumentos a mais, devo dizer "mea culpa", na medida em que colaborei, para esta prolifera��o de pedras, para a qual me chamou a aten��o, j� l� v�o muitos anos o meu grande amigo Walter Lopes. Nessa altura n�o o tomei a s�rio, hoje penso que ele estava certo.

OUTRAS FORMAS DE COMEMORAR

Neste pa�s, bibliotecas, institutos, instala��es hospitalares e at� cadeiras universit�rias s�o nomeadas, � custa duma contribui��o claro, com nomes de pessoas, fam�lias e grupos �tnicos.
O "hospital da Bathurst" chama-se afinal Toronto Western Hospital e Centro de Ci�ncias Neu-rol�gicas Krembil, a emerg�ncia do Monte Sinai � denominada Schwartz/Reissman e as duas alas do hospital, Isadora e Lawrence Bloomberg, todos no-mes de pessoas que preferiram ter o seu nome numa institui��o do que numa pedra, algures na cidade. De fronte do Monte Sinai fica a parte do Sick Children com o nome da fam�lia Black e no Toronto General Hospital, na rua ao lado, um dos centros de tratamento e investiga��o de doen�as card�acas mais famosos do mundo, baptizado com o nome de Peter Munk. Claro que o nome de Monte Sinai, para o hospital � uma homenagem � comunidade judaica, que � o equivalente duma institui��o portuguesa, ser denominada Lusitana. Quanto � maior sala da cidade chama-se Roy Thompson Hall.
Todos sabem que os italianos assinalaram o nome do navegador Crist�v�o Colombo, n�o com um mo-numento mas com um complexo desportivo recreacional, que tem tamb�m servi�os sociais e v�rias re-sid�ncias para a terceira idade.
Assim personalidades ou comunidades procuram, assinalar a sua presen�a n�o com pedras mas com institui��es.
Claro que j� temos na nossa comunidade a Terra Nova, a Terra Bela e a Vila Gaspar Corte Real, mas ainda nos falta muito, para chegar ao n�vel de outras comunidades, mais pequenas e recentes do que a nossa.
Uma das �reas em que ainda nada existe a assinalar a presen�a portuguesa e a servir a nossa comunidade, � no das "nursing homes" (lares), que s�o definidas como institui��es para qualquer pessoa, geralmente idosa, embora estejam abertas a todos com mais de 18 anos, cujo estado de sa�de n�o lhe permite residir em casa. O pagamento nestas "nur-sing homes", poder� ser feito pelo residente se ele tiver meios, ou ser subsidiado pelo estado. Infelizmente, embora existam resid�ncias para pessoas idosas, com muitos portugueses, ainda n�o fomos capazes de criar uma "nursing home" para a nossa gente.
A import�ncia, de estar numa institui��o em que os utentes s�o todos portugueses, falam a nossa l�ngua, e se cozinha � nossa moda, � �bvia. Outro ponto importante � que com o desenvolvimento de demencia, como � o caso da doen�a de Alzheimer, as pessoas perdem primeiro a l�ngua que aprenderam em adultos e s� no fim o portugu�s.
Ainda recentemente, fui visitar uma pessoa amiga � nursing home Kensington Gardens, no sitio onde estava para ser erigido o novo Doctors Hospital, por sinal constru�da em parte com o dinheiro que eu e os meus colegas tinham contribu�do.O edif�cio � moderno, bonito, o pessoal parece bem treinado, agrad�vel e competente, por�m na sala de jantar do andar em que eu estava, apenas existiam duas pessoas portuguesas, entre elas aquele que eu �a visitar, que felizmente fala ingl�s. Se a pessoa que eu fui visitar, fosse origin�ria da It�lia, Gr�cia, China ou at� de pequenos pa�ses como a Est�nia ou Maced�nia, poderia estar rodeada de compatriotas num ambiente que lhe lembrava a sua terra natal.

TENTANDO UMA SOLU��O

Quando se formou o comit� comemorativo dos 50 anos da presen�a dos portugueses no Canad�, do qual eu sou membro, sugeriram como era de esperar v�rias sugest�es para assinalar este ponto importante da hist�ria da comunidade portuguesa e at� do Canad�.
Como era de esperar, cri�mos mais "pedras", mas tamb�m sugerimos uma obra, que fosse uma institui��o que servisse a comunidade.
Nessa medida, formou-se um subcomit� destinado � cria��o dum lar dos idosos. Como era de esperar, o trabalho deste pequeno grupo de volunt�rios n�o foi f�cil, tanto mais que todos sabemos que este n�o � o tipo de actividade glamorosa que iria atrair um grande apoio da comunidade, como seria a vinda da equipa do Benfica ou qualquer cantor famoso. A prop�sito, l� na terra aonde nascemos, est�o a construir est�dios por todos os lados enquanto faltam hospitais e ... lares para a terceira idade.
Depois de muito esfor�o, este grupo de volunt�rios, n�o tendo no curto espa�o de tempo de que dispunham sido capazes de construir um lar, obra gigantesca que exige largas quantias, imenso trabalho e passar por um processo burocr�tico, complexo e lento, apresentaram uma solu��o - a cria��o duma �rea exclusivamente portuguesa, numa institui��o pertencente a outra comunidade.
Nessa medida, conseguiram uma �rea, numa "nursing home", chamada Yee Hong Centre (l� est�o os chineses a assinalar um nome sem eregirem monumentos), a qual � situada em Mississauga aonde hoje mora uma boa parte da comunidade portuguesa. Essa "nursing home", que ir� ser inaugurada em Dezembro deste ano ter� 25 camas que poder�o ser destinadas aos portugueses.
Se for poss�vel, preencher estas 25 camas, a ger�ncia da Yee Hong, trabalhar� com a comunidade portuguesa no sentido de adaptar a �rea aos gostos e h�bitos dos portugueses, inclu�ndo a comida e o pessoal.
Se essas inscri��es n�o se fizerem, a administra��o da Yee Hong, abrir� esta �rea a qualquer pessoa, independentemente do seu grupo �tnico e perder-se-� esta oportunidade, de termos um lar para os portugueses.
A Yee Hong � uma institui��o n�o lucrativa (non-profit), da comunidade chinesa, que j� tem centros em Scarborough e em Markham. Ela est� registada no Canadian Council on Health Services, tendo recebido a mais alta classifica��o - "stellar". Neste momento, est�o a construir mais um lar, desta vez em Mississauga, na Mavis Road.
Aqueles que estejam interessados poder�o contactar a C.C.A.C. (Community Care Access Centre), a organiza��o do governo do Ont�rio, que destribui as pessoas por servi�os como os lares (nursing homes) cujo telefone � 905-796-0040 ou falar com a coordenadora do comit� a Sra. Teresa Roque no 416-537-5556.
� pena que n�o tenhamos � semelhan�a de outras comunidades um "lar", que seja s� nosso. Por�m se conseguirmos criar um, num edif�cio que pertence a outro grupo �tnico, ser� um bom passo em frente.
Enfim, tarde ou cedo, acabamos todos por envelhecer, ser� bom come�armos a pensar no futuro. Quanto a monumentos, j� temos demais na comunidade portuguesa, aquilo que precisamos s�o institui��es, que ajudam ao nosso desenvolvimento e a assinalar a nossa presen�a no Canad�.
Um leitor ass�duo, escreveu-me um pouco aborrecido porque eu usava a palavra farsa, referindo-me ao processo de elei��o do Sr. Paul Martin, que comparei ao da escolha do l�der chin�s, cujo nome omiti e que � Wen Jiabao. Embora n�o precise de justificar, aquilo que � afinal uma opini�o e n�o um facto ci�nt�fico, devo notar que no dia seguinte o jornal nacional do Canad�, o prest�gioso Globe and Mail, usou o adjectivo "farsical" (aquilo que tem as caracter�sticas de uma farsa) para descrever a elei��o, ou melhor como lhe chamam sarcasticamente a coroa��o do Sr. Paul Martin. Pelos vistos o Globe and Mail est� a copiar a minha coluna...



Copyright � 2003, VOICE Luso Canadian Newspaper Ltd. First Luso Canadian Paper to Jump on the Net! For more information contact [email protected]

 
Toronto,
24/Novembro/2003
Edi��o 806

ANO XXIII

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira

   

   


 

 

  Desenvolvimento - AW ART WORK