LEIA
 � PEDRAS
   E INSTITUI��ES
 � PEIXE A ALTO PRE�O
 � Capturas
   de pescado/A�ores
 � Milho gen�tico
 � GNR de S�o Miguel
    cumpre miss�o
   em Nassiriyah
 � Nos A�ores o valor
  das casa subiu 68%
   nos �ltimos 4 anos
 � EM OFF
 � Inaugura��o
   do Bessa Sec. XXI
 � CR�NICA PICOENSE
 � Edi��es Anteriores
 
PEIXE A ALTO PRE�O

 

� deveras alarmante o feixe de not�cias que recebo, atrav�s da imprensa regional, �cerca da venda e compra de peixe nas nossas ilhas.

Aparentemente a tabela usada na respectiva transac��o � t�o exorbitante que os a�orianos est�o a dar mais prefer�ncia � aquisi��o de carne... em vez do saboroso peixinho!

Li, por exemplo, que um goraz estava avaliado a 3.550$00 ao quilo... e ainda, p'ra maior desgra�a, o chicharro parece ter desaparecido, quer no mar, quer na terra (mercado).

Ser� que h� menos peixe nas costas a�orianas, ou ser�, ent�o, que o peixe est� a ser largamente exportado "p'ra fora" das ilhas?...

Dizem-me que os pescadores insulares encontram-se, presentemente, mais bem apetrechados e dispondo de excelentes embarca��es.

Acontece, no entanto, que em termos comerciais a exporta��o � mais lucrativa do que a venda do pescado no mercado local. Conforme foi esclarecido, (Di�rio Insular, 22-Dez.-99), as esp�cies que, antigamente, mais se pescavam e se vendiam localmente, tais como "cherne, abr�tea, pargo e boca-negra", est�o agora a conquistar, a pre�os mais elevados, o mercado fora do arquip�lago.

Em consequ�ncia de tamanhas vendas p'ra exporta��o, resulta ser pouco o "peixe grado" que resta, e p'ra obt�-lo... s� em troca dos olhos da cara!

Al�m disso, o pescado que n�o � exportado tem v�rios destinos tra�ados e outros circu�tos de venda garantida, tais como restaurantes, deixando "desmoralizado" o p�blico em geral.

Consta-me que o chicharro, o ano passado, foi visto apenas por um "canudo" nas ilhas... o que equivale a dizer que ele apareceu no mercado muito raramente.

E quando � pouca a quantidade � venda, tal provoca o aumento dos custos, sendo cada vez menos as pessoas que podem comprar o t�o apetecido e cobi�ado peixinho.

N�o se ouve agora, como era habitual nos meus tempos de viv�ncia nas ilhas, aquele t�pico preg�o "Ei chicharro fresco!" dos populares vendilh�es, com os cestos carregadinhos de chicharros "vivos", a que se seguia um tal abrir de portas e cancelas, com gente "armada" de pratos, tigelas e alguidares, comprando chicharrinhos "um cento" por uma "pataca".

Depois de devidamente "governados" (limpos), vinham eles p'r� mesa m�gicamente transformados em fritos ou assados, em a�ordas ou caldeiradas!

Muitas vezes "disfar�ados" em vinha d'alhos, t�nhamos os chicharros fritos em banha, sequinhos e torradinhos, a quebrarem-se na boca, acompanhados de batata cozida ou rodelas de inhame.

Que consolo aqueles chicharrinhos assados na brasa, na grelha ou na sert�, e que se comiam n�o com garfos, mas sim � ponta dos dedos.

Eles apresentavam-se-nos quentes e fofos, "batizados" com molho verde ou molho de vil�o.

As a�ordas, cheirosas e gostosas, com o amarelo da a�afroa, com cebola e salsa, servidas em tigelas ou pratos fundos, de mistura com sopas e batatas, e que a gente entrava a "atacar" com a colher, mas acabava sempre com os dedos a "pescar" os lombinhos dos chicharros limpos de espinhas.

Inesquec�veis p'ra mim, ainda, as caldeiradas feitas � base do chicharrinho mi�do, com rodelas de cebola, batata e tomate.

Ah, mas tudo isto - e n�o s� - s�o mem�rias de um passado, que n�o h� envelhecido com o rolar dos anos. Apesar da dist�ncia, que me separa da Ribeira Grande, sinto-me novamente transportado � casa, onde nasci e onde agora me revejo, saboreando um caldo de chicharros com arroz... enquanto na cozinha permeia um cheirinho a maresia!

Eu fui � Ribeira Grande
Botar chicharros de molho;
Vi raparigas � janela E rapazes fechando o olho.

Quem vai ao mar sempre apanha
Ou lapas ou chicharrinhos;
Quem namora sempre alcan�a
Ou abra�os ou beijinhos.



Copyright � 2003, VOICE Luso Canadian Newspaper Ltd. First Luso Canadian Paper to Jump on the Net! For more information contact [email protected]
 
Toronto,
24/Novembro/2003
Edi��o 806

ANO XXIII

 
      Por
Ferreira Moreno

   


 

 

  Desenvolvimento - AW ART WORK