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REMINISC�NCIAS S�SMICAS

 

Precisamente quando me encontrava entretido na leitura do livro PRIMAVERA NAS ILHAS, (com o sub-t�tulo "Cr�nicas dos A�ores e da Ma-deira"), publicado em 1936 pela "Livraria Editora Andrade" (Angra do Hero�smo, Terceira), da autoria de Hugo Rocha, que em 1935, numa viagem de dois meses, visitou as "nossas" atl�nticas ilhas, como enviado especial do jornal "O Com�rcio do Porto"... eis que chegava ao meu conhecimento que a ilha do Faial tinha sido sacudida, violentamente, por um tremor de terra na manh� desse mesmo dia, ou seja, 9 de Julho de 1998!

Ao referir-se � cidade da Horta, o cronista menciona o facto de que, ao tempo, a popula��o local estava a recompor-se, ainda, dos escombros provocados, anos antes, pelo catastr�fico sismo ocorrido a 31 de Agosto de 1926. Num rasgo de profunda admira��o, Hugo Rocha tece um valioso "paneg�rico" aos faialenses pela maneira corajosa como reagiram, conjugando esfor�os na reconstru��o e rejuvenescimento da sua terra.

O mesmo est� a verificar-se, presentemente, como o "Correio da Horta" assegurou devidamente: "H� que limpar as l�grimas, arrega�ar as mangas e procurar a cura das feridas abertas nas ilhas!"

O grito em n�o abandonar a ilha, est� bem expresso no "desafio" lan�ado na "Primeira Coluna" deste jornal: "Se aqui n�o se devesse permanecer, como poder�amos n�s, os que viveram os terr�veis momentos do cataclismo, pensar em reconstruir e continuar a habitar estas ilhas?!"

E, na sua "�ltima Coluna", relembrando a extraordin�ria solidariedade, que sempre existiu entre as ilhas-irm�s, todas as vezes que uma "desgra�a" vem bater-lhes � porta, o "Correio da Horta" prossegue: "Primeiramente temos de contar connosco, porque apesar de tudo ainda nos sobram os bra�os e a for�a do ser ilh�u. Reconstruir �, hoje, a palavra de ordem! Esta nossa terra bem o merece! O homem faz a obra, a hist�ria marca e a vida continua!"

Confesso que apreciei o "conte�do" dum POSTAL, subscrito por um articulista do "Cor-reio", ao afirmar que se deve "respeitar o sacrif�cio daqueles que connosco s�o solid�rios, de quantos longe da cat�strofe a sentem e a vivem! N�o se aceita que a onda de solidariedade, que vem de fora, seja superior �quela que tem de nascer c� dentro! Exige de n�s um forte sacrif�cio de reconstru��o, afirmando na reconstru��o activa! S� assim poderemos aceitar e respeitar a solidariedade de quantos, em fun��o da "nossa desgra�a", s�o capazes de ofertar, com carinho, muito do que hoje necessit�mos!"

O jornal "Tel�grafo", ( que j� ultrapassou cem anos de exist�ncia), ofereceu-nos recentemente uma descri��o da reportagem feita, ao tempo, nas colunas do pr�prio jornal, �cerca do terramoto de 31 d'Agosto de 1926, que deixou a freguesia dos Flamengos em completa ru�na; ocasionando enormes estragos na Feteira, Praia do Almoxarife, Pedro Miguel, Espalhafatos e Sal�o; provocando preju�zos materiais em Castelo Branco, Capelo e Praia do Norte, enquanto a cidade da Horta ficava com muitos pr�dios desmoronados, a igreja da Concei��o arrasada e as restantes habita��es todas arru�nadas.

Escrevendo p'r� "Di�rio dos A�ores", e apontando que ainda se lembra do terramoto de 1926, Ermelindo �vila, "vener�vel" em idade e sabedoria, confidenciou-nos ter j� atravessado uma data de anos e sentido v�rios abalos s�smicos durante estes longos anos, "mas, francamente, nunca senti um abalo ou tremor de terra t�o intenso", como esse ocorrido aos 9 de Julho pr�ximo passado.

Marcelino Lima, no seu livro "Anais do Munic�pio da Horta", (Hist�ria da Ilha do Faial), cuja publica��o remonta ao ano de 1943, d�-nos uma descri��o, bastante gr�fica e muito pessoal, do terramoto de 1926, que em conformidade com o seu testemunho, "querer narrar mi�da e totalmente, levaria meses e levaria volumes".

Foi tudo aquilo "uma cena pavorosa, que durou apenas alguns segundos, mas que escangalhou a vida de muita gente... De repente, o ch�o move-se e agita-se, como numa disten��o nervosa de monstro a espregui�ar-se, agressivo e feroz, num estertor de for�as infernais... Tudo oscila e desaba e, na confus�o, as imagens cruzam-se e esfumam-se... Percebe-se, no entanto, que h� derrocadas, nuvens de poeiras, correrias de gente louca, gritos e, de mistura, um ru�do como de tempestade ao longe!"

� certo que, desde o in�cio do seu povoamento humano, as ilhas a�orianas t�m sofrido in�meros abalos s�smicos e convuls�es vulc�nicas. Mais certo ainda, sem d�vida alguma, o facto desses fen�menos naturais serem imprevis�veis... Tudo isto, por�m, n�o justifica a casual neglig�ncia em implementar, com coragem e crit�rio, medidas eficazes de seguran�a e cautela, sobretudo no que diz respeito a novas constru��es.

E termino esta cr�nica, citando as palavras de Ermelindo �vila: "Ningu�m vai abandonar as ilhas. Quando, em circunst�ncias similares, se promoveram emigra��es em massa, n�o se melhorou a situa��o das ilhas sinistradas; antes, o caos se estabeleceu nos que por c� ficaram!"



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Toronto,
26/Janeiro/2004
Edi��o 814
ANO XXV

 
      Por
Ferreira Moreno

   


 

 

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