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VISITANDO MANASSAS

NO fim de semana passado, visitei pela segunda vez a cidade americana de Manassas. Como de costume publico as minhas impress�es sobre a viagem, e algumas reflex�es sobre assuntos que interessam � nossa comunidade.

Para come�ar, aonde � Manassas, que com certeza � desconhecida pela maioria dos meus leitores, a n�o ser que se lembrem dum artigo que escrevi neste jornal em Julho de 1998, sobre uma reuini�o do Conselho Regional da Am�rica do Norte do Conselho das Comunidades, realizada nessa cidade americana.

At� h� poucos anos, era uma pequena cidade no estado americano de Virginia, apenas famosa, numa na��o como os Estados Unidos em que ao contr�rio do Canad� se d� grande import�ncia � hist�ria da na��o, como o local em que em Julho e Agosto de 1861, as tropas do Sul tinham derrotado as for�as do Norte em duas batalhas sucessivas, durante a guerra civil americana, chamadas de Bull Run (corrida de touro), que � um pequeno riacho.
Uma pequena cidade, numa regi�o rural a 50 quil�metros da capital, Washington ela era rodeada de fazendas, e poss�velmente tinha mais vacas do que habitantes humanos. � semelhan�a do que sucedeu com Markham, Maple, Pickering, Aurora e at� Mississauga em rela��o a Toronto, Manassas come�ou a desenvolver-se, fazendo hoje parte duma vasta �rea urbana � volta da capital dos Estados Unidos..

Esse desenvolvimento, que tem apenas duas ou tr�s dezenas de anos, levou � constru��o de estra-das, pontes e claro milhares de casas. Aqui, e a parte da minha hist�-ria, em que entram os portugueses. V�rios milhares de compatriotas nosssos, muitos deles oriundos de Tr�s-Os-Montes, fixaram-se nesta regi�o e tiveram um papel importante na constru��o da moderna cidade de Manassas. No entanto, ao contr�rio do que aconteceu noutras partes do mundo, os portugueses n�o se limitaram ao papel essencial de trabalharem na constru��o, mas um bom n�mero deles mobilizaram-se como empres�rios, tendo criado v�rias empresas, especialmente na �rea do cimento.

Nesta medida, na regi�o de Manassas, existe uma comunidade luso-americana muito pr�spera, alguns deles podendo mesmo ser classificados na categoria de milion�rios.

Os portugueses, formaram o Virginia Community Center (n�s no Canad� escrevemos Centre), o qual tem desenvolvido uma obra not�vel de preserva��o da cultura portuguesa naquela regi�o dos Estados Unidos. Uma das pessoas mais envolvidas com este clube, � Jos� Jo�o Morais, hoje um dos maiores empres�rios portugueses dos Estados Unidos, que possui v�rias empresas ligadas � constru��o o qual tamb�m � membro do Conselho das Comunidades.Desta maneira, a reuni�o do Conselho Regional da Am�rica do Norte do Conselho das Comunidades, constitu�da por sete luso-canadianos e nove luso-americanos, reuniu em Manassas no fim de semana de 6 e 7 de Mar�o, conforme foi divulgado aos m�dia portugueses da Am�rica do Norte num comunicado pelo secret�rio da organiza��o.

UMA TERRA DIFERENTE

Embora existam muitas coisas comuns aos Estados Unidos e Canad�, n�o h� d�vida que se podem notar grandes diferen�as, especialmente no que se refere � viol�ncia, � separa��o entre as ra�as e � "religi�o" do autom�vel. A prop�sito de religi�o ela tem, � semelhan�a do patriotismo, um papel mais importante na vida dos americanos do que na dos canadianos. Enquanto nenhum pol�tico canadiano sonharia em misturar religi�o com as actividades do estado e ficaria embara�ada por usar e abusar da bandeira nacional, nos Estados Unidos, todos os pol�ticos constantemente referem-se nos m�dia a God (Deus) e � bandeira. Uma coisa que notei, � que em Manassas, como em muitas outras cidades americanas, apesar de nos Estados Unidos ser absolutamente ilegal qualquer forma de descrimina��o racial, e dois negros o Sr. Powel e Sra. Rice, terem posi��es de destaque no gabinete do presidente Bush, n�o se conseguem ver pessoas de cor em certas �reas da cidade frequentadas pelos brancos. Com excep��o de dois h�spedes do hotel em que estive, n�o me lembro de ter visto uma �nica pessoa negra em Manassas.

Tamb�m fiquei impressionado como �s 11 horas de S�bado, a �rea da cidade em que est�vamos a viver se encontrava completamente- deserta e que a �nica loja que estava a funcionar era uma que vendia hamburguers, embora a parte que estava aberta, fosse apenas uma pequena janela, para servir os autom�veis, a qual podia ser encerrada por uma cortina � prova de bala, em caso de necessidade.

Tamb�m fiquei impressionado, com a aus�ncia de pessoas a andar nas ruas, que parecem ser apenas destinadas aos carros e em muitos lados n�o t�m passeios ou sinais para os pe�es atravessarem.

Uma experi�ncia interessante foi visitar uma "gated community" (comunidade com um port�o), que consiste dum pequeno bairro de casas, usualmente luxuosas, que � rodeada por um muro e tem um port�o com guardas.

Estas pequenas fortalezas, s�o como � sabido ilegais no Canad�, mas bastante comuns nos Estados Unidos.

Fui convidado, com os outros conselheiros a jantar na casa do conselheiro Jo�o Morais, que possui uma casa, numa dessas tais "gated communities".

Foi uma experi�ncia quase nova para mim - no Brasil v�rios primos meus vivem em condi��es semelhantes - entrar numa dessas pequenas fortalezas. A prop�sito, neste caso mereceu a pena, uma vez que o Sr. Morais e a sua esposa rceberam-nos maravilhosamente, deram-nos um jantar magn�fico e mostraram-nos a sua casa que al�m de luxuosa � constru�da e mobilada com muito bom gosto. � parte, dos quadros, cer�micas e mob�lias de muito bom gosto, e uma excelente decora��o, fiquei impressionado com uma sala, mais fria na cave, a garrafeira, onde estavam armazenadas, centenas de garrafas entre elas algumas de vinho do Porto quase centen�rias que o Sr. Morais tem ido coleccionando ao longo dos anos. � verdade que a sua esposa tem uma colec��o de bonecas e "bibelots", mas eu fiquei mais impressionado com os vinhos... Com uma adega daquelas, � caso para dizer que a casa tem de estar bem guardada...

Voltando �s coisas s�rias, tivemos uma recep��o calorosa e amiga numa casa portuguesa rica, mas art�stica e de bom gosto e todos ficamos muito agradecidos ao casal Morais pela forma como nos receberam.

E O TRABALHO?

Claro que n�o nos desloc�mos a Manassas, apenas para jantar com o casal Morais, por muito boa que fosse a refei��o.

O conselho das Comunidades �, conforme a lei que o criou, um �rg�o consultivo do governo portugu�s que reune periodicamente as sec��es da cada pa�s, podem associar-se em sec��es regionais. Nesta medida as sec��es do Canad� e dos Estados Unidos e Bermuda constituem a sec��o regional da Am�rica do Norte.

As sec��es do Canad� e dos Estados aproveitaram a oportunidade para se reunirem, separadamente em Manassas.

Com cinco conselheiros em Toronto, um em Montreal e outro em Vancouver, foi esta uma oportunidade para pela primeira vez se encontrarem os representantes do Canad�.

Na reuni�o do Conselho do Canad�, foi confirmada a decis�o de procurar escutar as opini�es da comunidade, especialmente organizando reuni�es junto de v�rias comunidades como To-ronto, Kingston, Montreal, Winnipeg, Sudoeste do Ont�rio, Vancouver e outras, a fim de transmitir �s entidades portuguesas as aspira��es dos luso-canadianos.

Tamb�m foi preparada a interven��o para a reuni�o da sec��o Regional da Am�rica do Norte, que se seguiu, a qual juntou os conselheiros luso-canadianos e luso-americanos.

A reuni�o do Conselho Regional da Am�rica, reuniu a seguir, em ambiente cordial, embora tivesse sido ben�fico se tiv�ssemos a possibilidade de termos mais tempo para debater os assuntos que es-tavam na agenda.

Em primeiro lugar foram eleitos os corpos directivos, tendo ficado Jo�o Morais dos Estados Unidos como Presidente e o autor destas linhas como Primeiro Vice-Presidente, sendo o Segundo Vice-Presidente Carlos Nobre, Secret�rio Diniz Borges e Tesoureiro Claudinor Salom�o.

Um assunto que preocupou os conselheiros, foi mais uma vez, a do ensino portugu�s na Am�rica do Norte. � semelhan�a do que sucedera em 1998, foi notada a discrep�ncia entre a aten��o e os recursos financeiros concedidos pelo governo portugu�s ao ensino da nossa l�ngua na Am�rica do Norte, quando comparada com a Europa. Mais uma vez uma lista de solu��es foram sugeridas ao governo, como melhorar a distribui��o de materiais did�cticos, medidas para a reciclagem dos professores, promo��o de protocolos entre as escolas portuguesas e os distritos escolares americanos ou entidades provinciais no Canad�, incrementar a forma��o de professores da nossa l�ngua, envolvimento do Instituto Cam�es e medidas para minimizar o trauma resultante do choque cultural e lingu�stico que afecta os jovens de origem portuguesa que regressam a Portugal.

Muitas dessas coisas tinham j� sido sugeridas em 1998, mas como diz o nosso povo �gua mole em pedra dura tanto d� at� que fura. Pelos vistos esta pedra � bem dura, mas n�o iremos desistir...

Baseado num trabalho do Conselho do Canad�, foi debatido o problema da crise que est� neste mo-mento a atingir as associa��es portuguesas do Canad� e pelos vistos tamb�m as dos Estados Unidos. V�rias sugest�es foram feitas ao Governo particularmente que se criasse um gabinete da Secretaria de Estado das Comunidades que em colabora��o com o Conselho das Comunidades e outras institui��es portuguesas, estudasse o assunto e su-gerisse solu��es para este problema.

Tamb�m foi sugerido incrementar o interc�mbio entre jovens portugueses e os seus parceiros do Canad� e Estados Unidos, o envio de mais animadores culturais, uma maior utiliza��o das organiza��es j� existentes como o Congresso Nacional, Federa��o dos Profissionais, A.C.A.P.O., Palcus, Luso-American Education Foundation e outras Asso-cia��es culturais, sociais e religiosas.

Outra solu��o foi apoiar projectos criados "por jovens para jovens" como o "Carefour" de Montreal e o projecto Diploma de Toronto.

Outro assunto debatido, o qual foi transmitido ao governo, foi a preocupa��o pela forma como est� a ser aplicada a lei 1/2004 sobre a reaquisi��o da nacionalidade para aqueles que a perderam pelas famigeradas leis 2098 de 1959 e 37 de 3 de Outubro de 1981. Foi proposto que a reaquisi��o da nacionalidade, seja obtida autom�ticamente, em todas as situa��es e sem custos para os requerentes.

Finalmente, o Conselho Regional da Am�rica do Norte pediu ao governo que tomasse medidas para que existam tarifas a�reas �nicas, para que se evite a presente situa��o em que um portugu�s ao chegar a Portugal e aterrar num a�roporto, como em Ponta Delgada, tem de pagar um bilhete para seguir para outra ilha e muitas vezes tem despesas extras, porque o limite de peso da bagagem � diferente nos voos dom�sticos.

OS QUE ESTIVERAM

Estiveram presentes na reuni�o em Manassas a Directora Regional das Comunidades Dra. Alzira Silva, a deputada do PSD pelo c�rculo da Emigra��o, Dra. Manuela Aguiar e a Conselheira para a l�ngua portuguesa nos Estados Unidos Dra. Gra�a Castanho que al�m de conviverem com os conselheiros, tiveram um papel importante, no esclarecimento e debate de v�rios pontos abordados na reuni�o.

Mais importante do que o nome dos que vieram, � a lista dos que n�o vieram embora tivessem sido convidados. N�o tendo presente a lista dos que ignoraram o nosso convite, uma vez que a organiza��o da reuni�o coube ao Conselho dos Estados Unidos n�o irei nome�-los, mas posso garantir-lhes que ela � longa e inclui a maioria dos partidos portugueses com assento na Assembleia da Rep�blica.

Enfim, embora j� n�o haja, SARS c� por estes lados, para assustar as autoridades portuguesas, Manassas � um s�tio muito distante e obscuro e pelos vistos alguns pol�ticos e outras entidades t�m mais que fazer do que atravessar o Atl�ntico, para estarem horas fechados numa sala a ouvirem os imigrantes da Am�rica do Norte a fazerem os pedidos do costume, como o de quererem que em na quest�o da educa��o, sejam tratados como os portugueses que vivem na Europa.

Claro que os conselheiros da comunidade, assim como os dirigentes de outros clubes, associa��es e institui��es da di�spora e milhares de portugueses residentes no estrangeiro, n�o ir�o desistir e continuar�o a transmitir �s entidades governamentais, as aspira��es desta gente lusitana que vive do outro lado do Atl�ntico, mas que n�o esqueceu os la�os que a unem � P�tria dos seus antepassados



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Toronto,
15/Mar�o/2004
Edi��o 821
ANO XXV

 

   
     Escreveu
    Dr. M. Tom�s Ferreira

   

   


 

 

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