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Emigrandando

 

Bem aventurados quantos, por imperativo da c�dea, for�ados ao abandono p�trio em busca de farturinha (sobre)vivencial, reafirmam pujantes �ou procuram fazer crer que� na viv�ncia estran-geirada n�o lhes falta absolutamente nada.
A pujan�a, a altivez dos que n�o sofrem padecimentos da aus�ncia tamb�m serve de refugio para resguardar, silente, as agruras desta solid�o ap�trida.
Sim. Dizia o fil�sofo que sentia no �mago a rela��o integra e consubstanciai ,entre a alma e a m�tria: " quem da p�tria se aparta, de si se aparta".
Ningu�m contesta, por ver�dica, a express�o b�blica " nem s� de p�o vive o homem " N�o � menos verdade que a sua car�ncia obriga a silentes tormentos espirituais, por exemplo : o ex�lio.
Significa isto que, tanto a car�ncia de p�o m�trio como a sua abund�ncia em solid�o na estranja podem ser igualmente tormentosas. No emigrante coexistem condi��es (sobre) vivenciais que culminam em duas brechas que, embora aparentemente antag�nicas, (p�tria-pobreza, estrangeiro-riqueza) se complementam em duas paralelas amarguras. Supre-se o tormento da car�ncia do p�o na nostalgia da exclus�o for�ada, por outras palavras: apazigua-se uma car�ncia, criando uma outra , porventura, em nada menos torment�ria.
De volta a Portugal. O sol alumia um arado esquecido num recanto do alpendre. As teias de aranha repousam no seu imobilismo e reflectem a policromia da luz coada atrav�s da admir�vel obra de tecelagem.
O aroma da rama de euclipto, um molho de erva , uma foicinha entalada no vime que serviu de corda, um pod�o dependurado na parede, tempo-conc�vo, de adobes, lenha geometricamente empilhada , arcos de barril enferrujados. Uma salgadeira arcaica, inchada, extravasa em humidade , odores de salga e aguarda o seu fim.
Cepos de pinheiro, um machado, caruma, o cacarejar triunfal da galinha que festeja a gl�ria de seu ovo, tudo isto induz � serenidade do tempo em que Portugal se entrela�ou na alma e a vida era uma sinfonia em conson�ncia perfeita com a pr�pria natureza humana..
Uma tran�a de cebolas, enrolada em forma de morcela gigante e, logo o rosto do meu av�, se le-vanta na mem�ria a entran��-las. Com seu patriarcal bigode, m�os terrosas, dignidade de serrano altivo, no s�t�o, em dia chuviscoso, enquanto eu desfrutava a m�sica da chuva no telhado e aca-bara de me defrontar com uma malgarrona de sopas de leite e c�deas de boroa, num tempo em que a manteiga e o caf� eram luxurias de alde�o.
Minha av�, tinha um cuidado que era um desvelo exacerbado pelo neto, deixava sobre a mesa com toalha de alvo linho ,a malga de leite, acabado de mugir, pela madrugada, antes de ir ao monte fazer o seu molh�o di�rio de carqueja, urzes e caruma.
Na modorra da manh�, as laranjeiras e limoeiros escorriam a �gua das chuvas e o boralho estralejava cascas de eucalipto e ramagem de pinheiro. De longe a longe, as ovelhas habituadas ao monte, clamavam em implorantes balidos contra o excesso de curral. E havia a Ti Baeta , serenidade que se lia no rosto, tal livro aberto, embrulhada no seu mandil. Com com sua roca fiava o linho enquanto pastoreava seu rebanho de meia d�zia de ovelhas e dois cabritos mais azougados que � mais leve estrid�ncia desatinavam a espinotear.
N�o havia ru�dos para al�m de um fio de vento que transmitia �s folhas de um enorme carvalho um terno rumorejar que se acasalava em sinfonia com o c�ntico da fonte no fundo de uma riban�a, ali a uma d�zia de c�vados onde a �gua cantarolava por entre a sombra dos vinhedos a alegria de jorrar nos c�ntaros e dessedentar os milheirais.



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Toronto,
22/Mar�o/2004
Edi��o 822
ANO XXV

 
    Por Barbosa Tavares

 

 

 

 

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