Um dos vice-cônsules do consulado de Portugal em Nogent-sur-Marne, em França, está a ser investigado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) por alegadas irregularidades financeiras, apurou o Diário Digital junto de fontes diplomáticas.

A investigação tem origem numa denúncia anónima sobre a actuação do vice-cônsul António Pereira Ramos e da sua esposa, também funcionária do consulado. Segundo documentação a que o Diário Digital teve acesso, o casal é acusado de ter "levantado diariamente toda a receita líquida em dinheiro do consulado e pagar ao consulado com cheques das suas contas particulares". A situação subsiste "pelo menos desde Agosto de 2003", refere o documento. Contactado, o vice-cônsul recusou comentar o assunto. Também o cônsul, Albertino Nunes Ferreira, escusou-se a adiantar pormenores sobre o caso, mas adiantou que a situação está "em fase de inquérito por parte do MNE". O gabinete do secretário de Estado das Comunidades não fez qualquer comentário sobre a matéria.

A documentação refere que os montantes levantados diariamente pelo casal variam entre dois mil e cinco mil euros e alega que a situação poderá implicar o "branqueamento de capitais provenientes de negócios ilícitos", calculando em pelo menos 462 mil euros o montante levantado irregularmente pelo casal.

A documentação refere ainda que, em Janeiro deste ano, durante um período de férias do casal, o filho do vice-cônsul terá levantado diariamente a receita do consulado, repondo o dinheiro através de cheques próprios e de cheques do casal previamente assinados.